Os veículos rodoviários representam cerca de 90% da matriz de transportes do Estado de São Paulo, segundo dados da Secretaria de Estado dos Transportes de São Paulo. Para reduzir esse impacto, é preciso investir em distribuição modal, em energia e em logística. Essa estratégia foi apresentada por Frederico Bussinger, diretor do Departamento Hidroviário da Secretaria de Estado dos Transportes de São Paulo e Presidente da Companhia Docas de São Sebastião no evento da Fecomercio “O Transporte e a Redução das Emissões das Grandes Cidades do Brasil: o que fica de Copenhague?”, realizado nesta quarta-feira, 20 de janeiro na sede da Federação.
Para diminuir os gases nocivos emitidos pelos combustíveis dos veículos, Bussinger aposta na distribuição modal, ampliando o uso de hidrovias e ferrovias. “O transporte hidroviário é parte da solução para a complexa agenda do século XXI. Temos 8.600 quilômetros de rios navegáveis e precisamos investir mais”, afirma.
O transporte pelas águas, segundo Bussinger, cresce 12% ao ano. A ideia é aumentar em 12 vezes o transporte hidroviário e de seis vezes a cabotagem (navegação realizada entre portos interiores do país pelo litoral ou por vias fluviais). A ligação poderia se feita entre o porto de Santos e a criação de um porto no rio Tietê para o embarque e desembarque de mercadorias.
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Na opinião de José Goldemberg, presidente do Conselho de Estudos Ambientais da Fecomercio, o que impede a utilização do transporte pelas águas é o acesso. “O Ibama não licencia o uso de hidrovia”, explica.
Outra ação importante é a energética, por meio do controle do limite de emissão de combustíveis fósseis pelos veículos e incentivando o uso de álcool. Os programas de álcool combustível que foram lançados ao longo dos anos evitaram a emissão de quase 1 trilhão de toneladas de CO2. Bussinger também avalia que é preciso a renovação de frotas de veículos com modelo padronizado para reduzir a emissão e gases.
A terceira solução seria a logística. De acordo com a Secretaria de Estado dos Transportes de São Paulo, a falta de estrutura faz com que 46% das viagens dos caminhões sejam sem carga. Essas viagens congestionam o trânsito, desperdiçam custos e emitem CO2. Além disso, 88% das cargas nascem e morrem dentro do Estado de São Paulo e 50% delas tem origem e destino dentro da macrometrópole.
“O investimento em infraestrutura é importante, mas para resolver a questão de logística é primordial ter ação de governo e planejamento. Transporte, logística e meio ambiente são aliados estratégicos”, avalia.
O fator tributário também influi diretamente na logística. Segundo Bussinger, para utilizar a hidrovia e a rodovia, a tributação é maior, por isso a preferência somente pelo transporte rodoviário.
Efeitos do aquecimento global
As conseqüências do efeito do excesso de CO2 na atmosfera são cada vez mais conhecidas pelos eventos climáticos, como chuvas intensas, aumento do nível do mar e pelas catástrofes. O Secretário Executivo do Fórum Paulista de Mudanças Climáticas Globais e Biodiversidade, Fabio Feldmann, explica que, em Copenhague, imaginava-se que se conseguiria chegar a um acordo para estabilizar o aumento da temperatura.
“A conferência foi um fracasso, mas não podemos desperdiçá-la. Só o reconhecimento de ter sido um fracasso já é positivo. Além disso, foi o maior evento do clima que mobilizou a sociedade civil e a opinião pública”, afirma Feldmann.
Para Feldmann, os Estados Unidos fracassaram com a presença de Obama que não tem força no Senado, o que o impede de fazer acordo internacional. A China, principal emissor de gases, também mostrou seu fracasso ao mandar um representante com pouco peso internacional. “Temos de pensar em estratégias de pressão para a China na próxima reunião do México prevista para o período de 29 de novembro a 10 de dezembro. Um único país pode dificultar a negociação”, avalia.
As economias que não se prepararem para enfrentar as questões climáticas, segundo Feldmann, não terão como competir. O Brasil felizmente se saiu bem em Copenhague e se sentiu confortável na colocação de suas metas.
“Estou otimista em relação ao México. Vamos com uma situação diferente da de Copenhague e com mais experiência”, analisa. Feldmann explica que é preciso mais clareza no próximo encontro, chegando com as metas e as medidas que serão implementadas para combater o aquecimento global. “Não podemos traçar as metas e não dizer quais serão os recursos, como fez a União Européia na conferência passada. Isso dá margem aos países não cumprirem seus planos.”
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