A Trends Engenharia, especializada no setor de transportes, associou-se em 2008 à coreana Posco para fornecer o sistema de portas de vidro das plataformas do Metrô de São Paulo – a primeira delas deve estrear esta semana, com a abertura da estação Sacomã, na linha verde. Até agora, o consórcio levou três licitações para a instalação das portas em toda linha verde, amarela e parte da linha vermelha, por R$ 150 milhões. Mas o plano do Metrô é levar o equipamento para todas as suas 65 estações, e a Trends tem conversado com CPTM e Metrô do Rio de Janeiro sobre projetos do tipo . O grupo também participou de uma licitação do metro de Santiago, outro interessado na novidade.
O propósito das novas portas é evitar acidentes e até suicídios nas estações, mas os motivos não são apenas humanitários: essas ocorrências atrasam os trens e, logo, custam dinheiro do contribuinte. O sistema existe em poucas estações do mundo – como parte das estações do metrô de Paris, Londres e Hong Kong -, mas o equipamento deve se generalizar, diz Paulo Benites, diretor-geral da Trends. Sua empresa associou-se à coreana com um contrato que prevê transferência de tecnologia, o que abre a possibilidade de, em licitações futuras, a Trends entrar sozinha nas licitações. Isso a tornaria a primeira empresa na América Latina com expertise no produto.
Incluindo outros mercados potenciais para as portas de vidro, como os metrôs de Belo Horizonte e Recife, Benites estima um total de até 200 estações que poderiam receber o produto apenas no Brasil – o metrô de Santiago, sozinho, traria mais 95 estações. Como o custo da instalação das portas chega a R$ 4 milhões por estação – são até 48 portas em cada uma -, o novo ramo de negócios pode significar uma receita próxima a R$ 1,2 bilhão aos fornecedores.
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Segundo Benites, as primeiras unidades estão sendo trazidas desmontadas da Coreia, e instaladas aqui – o conteúdo importado, em valor, é de 40%. A Trends pretende aumentar a nacionalização do produto até cerca de 80%, trazendo da Coreia apenas parte do sistema de controle do equipamento – vidros, estrutura e parte mecânica seriam feitos aqui.
Parte do sistema de controle foi desenvolvido recentemente pela brasileira AeS, uma antiga fornecedora da Alstom. Ela gastou R$ 1 milhão para trazer a tecnologia utilizada no metrô de Paris, fornecido pela francesa Faveley. Originalmente o sistema de abertura dependia da instalação de comunicadores a rádio nos trens, mas o sistema da AeS, por telemetria, mostrou-se mais apropriado para a adaptação de linhas antigas: independe do tipo de trem que circula nelas. Exigindo menos adaptações, sai mais barato. Segundo responsável pelo desenvolvimento do produto, Aryldo Russo, com os novos contratos a perspectiva é elevar o faturamento da empresa de R$ 3 milhões em 2009 para R$ 13 milhões este ano.
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