Com o constante desenrolar do projeto de um Trem de Alta Velocidade no Brasil, as atenções começaram a voltar-se para o setor ferroviário. A realização da Copa do Mundo e Olimpíadas em terras brasileiras é um fator que tende a impulsionar muitas mudanças no país. São Paulo, metrópole que abriga milhões de moradores, já trabalha na ampliação dos sistemas de Metrô e CPTM. Brasília, capital do país, fez um investimento num VLT (Veículo Leve sobre Trilhos), que foi apresentado oficialmente no final de 2009. A Alstom, presente em mais de setenta países e fabricante do VLT encomendado, é um dos grandes nomes do setor. Diretor Geral do Setor Transporte da multinacional francesa, Ramon Fondevila fala a Destaque Empresarial sobre a empresa.
Como a Alstom avalia sua presença e atuação no Brasil?
A Alstom está presente no Brasil há mais de 50 anos e tem sido um importante parceiro econômico e social do país. Os grandes projetos desenvolvidos aqui colocam a empresa como uma das subsidiárias-chave da organização, que atualmente está presente em mais de 70 países com cerca de 79 mil colaboradores. Os mais de 4 mil funcionários no Brasil estão divididos entre a unidade Bandeirantes, na capital paulista, onde concentra profissionais dedicados ao desenvolvimento de projetos e soluções e áreas administrativas; a fábrica de trens, localizada no bairro da Lapa, também em São Paulo; a fábrica de equipamentos para energia hidrelétrica em Taubaté, interior do Estado de São Paulo, além de funcionários que trabalham em instalações de clientes por todo o país.
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Em que áreas a empresa atua?
No setor de energia destacam-se produtos e serviços para importantes projetos hidrelétricos. São mais de 100 turbinas e geradores para esse mercado nos últimos dez anos, como Itaipu(PR), Tucuruí(PA), São Simão(GO), Foz do Chapecó(SC), Estreito(SP) e, mais recentemente, Jirau(RO) e Santo Antônio(RO), além de turbinas hidrelétricas para grandes projetos como Três Gargantas, na China. No segmento de termelétricas, a companhia está presente nos projetos da TermoBahia, TermoRio e Piratininga, além de importante presença no mercado industrial na área de sistemas de controle ambiental. Vale destacar que mais de 50% da energia consumida todo ano no Brasil, ou seja, 95 GW, são geradas por equipamentos fabricados pela Alstom. No setor transporte, estamos presentes na grande maioria em operadoras de transporte de passageiros, como o Metrô São Paulo, Metrô Rio de Janeiro, Metrô DF e, nos últimos cinco anos, implementando soluções tecnológicas de ponta nas operadoras de transporte de carga. Além dos clientes nacionais, grande parte de sua produção inclui a exportação de carros para os metrôs de Santiago do Chile, Buenos Aires e Nova Iorque.
Há quanto tempo a Alstom trabalha com trens de alta velocidade?
A Alstom é mundialmente a empresa número um em alta velocidade sobre trilhos, com mais de 25 anos de experiência. Hoje, 70% dos trens que operam a mais de 300 km/h foram desenvolvidos pela Alstom. Em abril de 2007, o trem V150, desenvolvido pela Alstom e suas parceiras SNCF e RFF, quebrou o recorde mundial de velocidade ferroviária alcançando 574,8 km/h. Com base no protótipo da quebra do recorde, em 2008 a empresa lançou o AGV (Automotrice à Grande Vitesse), um trem de altíssima velocidade, projetado para operar comercialmente a 360 km/h.
Quais as vantagens do VLT em relação aos meios tradicionais utilizados?
O VLT (Veículo Leve sobre Trilhos) é um meio de transporte que ajuda a preservar o ambiente urbano e a arquitetura das cidades, contribuindo para o crescimento da economia e atraindo os moradores. Ele tem capacidade para transportar mais de 400 passageiros por viagem, o mesmo que 100 carros ou 6 ônibus (considerando-se carros com 4 passageiros ou ônibus com 66 passageiros). Tem piso baixo, avisos sonoros e luminosos, facilitando a utilização por pessoas portadoras de deficiência e de locomoção reduzida. Além disso, integra-se facilmente com outros modais como metrô e ônibus. Em todo o mundo, até hoje, mais de 30 cidades encomendaram mais de 1.200 VLTs Citadis da Alstom. Ele pode ainda contar com uma tecnologia de ponta com alimentação de energia pelo solo sem o uso de catenárias – o que preserva centros históricos.
Há interesse da empresa em participar da licitação do TAV brasileiro?
Sim. Como líder mundial no desenvolvimento de sistemas de trens de alta velocidade, a Alstom está acompanhando este processo com muito interesse, pois possuímos o knowhow, a experiência e temos uma filial no Brasil que podem ser empregados para o benefício do projeto.
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