Renascida nos anos 2000, a indústria de vagões de carga teve seu pior ano em 2009. Altamente dependentes do setor de mineração, as vendas caíram 80%, e das quatro fábricas do ramo instaladas no país, duas suspenderam a produção. Com cerca de 70% do mercado – todo abastecido pela indústria local – a Amsted-Maxion vendeu 570 vagões em 2009, frente a 4,3 mil em 2008. Mas já tem em carteira encomendas de 6 mil carros. A Usiminas Mecânica, uma das que suspendeu a produção comercial no ano passado, voltará à ativa e investir R$ 50 milhões para dobrar sua capacidade de produção, de 60 para 100 vagões/mês. Na sua projeção, até 2016 o país vai demandar 25 mil vagões de carga.
Com uma capacidade instalada de grandes dimensões – sua unidade em Hortolândia tem 1 milhão de metros quadrados, projetados para produzir 10 mil vagões ao ano -, a Maxion passou por um ajuste difícil no ano passado. Fechou uma fundição em Osasco (SP) e fez cortes nas suas duas outras unidades. De 4,5 mil funcionários, o quadro caiu para 1,9 mil empregados.
Mas a Amsted-Maxion já voltou a contratar e está com 2,3 mil, diz seu presidente, Ricardo Chuahy. A partir de meados do ano passado as encomendas voltaram, em parte animadas pela perspectiva de superação da crise, em parte pela política anticíclica do governo – o BNDES baixou sua taxa de juros do Finame, para bens de capital, para 4,5% ao ano. A crise não suspendeu as encomendas, apenas as diluiu no tempo afirma Chuahy.
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Com o novo cenário de crédito barato, aconteceu algo inédito na Maxion: os contratos de longo prazo. A Vale fez uma encomenda para 4,5 mil vagões, 500 deles para 2010. Outras 2058 unidades serão entregues em 2011 e há uma opção de compra para outros 1982 carros em 2012. Outra grande cliente, a MRS fez o mesmo: 344 vagões para este ano, 1044 em 2011. Ou seja, se a Maxion não fechar nenhum contrato nos próximos três anos – algo improvável -, tem garantida uma demanda média de 2 mil carros ao ano.
Na Usiminas Mecânica, o período de demanda em baixa está sendo usado para colocar a casa em ordem, aguardando tempos melhores, diz o superintendente de fundição, forjaria e vagões, Jaime Cru. Vamos aproveitar o ano para dar um grande salto a partir de 2011, diz. Em 2009, a empresa forneceu apenas alguns vagões para a Usiminas, e produziu protótipos de um novo carro com capacidade de 150 mil toneladas, desenvolvidos para rodar na estrada de Carajás. E fechou um acordo para absorver tecnologia da americana Standard Car Truck para produção de truques – jogos de rodas – utilizados nos vagões, hoje adquiridos de terceiros. A capacidade processamento será de 2 mil toneladas ao mês – o equivalente a cerca de 3 mil truques. A expectativa é de que, das 2 mil toneladas de truques processadas, 1,5 mil serão exportadas – adquiridas pela própria Standard.
No momento, a Usiminas Mecânica tem um contrato de R$ 25 milhões – 80 vagões – com a CSN, e está tentando fechar um de 200 unidades com a Vale e Mitsui. Para dar conta do mercado nos próximos anos, planeja investir para quase dobrar a capacidade.
A Randon, segunda maior do mercado, foi a única a sair-se bem no ano passado, com vendas de 436 vagões – o melhor resultado desde 2005. Ela conseguiu boas encomendas de clientes novos, como a Rumo Logística e a Ferrovia Centro Atlântica (FCA), da Vale, que está em ritmo de crescimento. A Santa Fé, fábrica de vagões controlada pela ALL Logística, está com a produção de novos carros suspensa, e concentra-se agora em serviços de reforma.
Ricardo Chuahy, da Maxion, acredita que no longo prazo o mercado será impactado pelos novos investimentos ferroviários em curso no país, como Norte-Sul, expansão da Ferronorte, Transnordestina, Oeste-Leste e Ferroanel. Ao todo, os projetos somam 5,7 mil km – sem contar o Ferroanel, ainda sem traçado. No cálculo mais modesto, tomando como referência a rede atual, a cada 1 mil km de estrada significariam 3 mil vagões a mais rodando.
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