SP com melhores trens e headway de 18 min

O mais novo trem da CPTM (Companhia Paulista de Trens Metropolitanos) se aproxima da estação Calmon Viana, em Poá (Grande SP), na manhã da última terça. Dianteira vermelho brilhante, equipado com ar condicionado e câmera de segurança, ele encosta silencioso na velha plataforma construída em 1926 —18 minutos após o trem anterior e 12 minutos atrasado.


O contraste diz muito sobre a situação das linhas de trem de subúrbio em São Paulo. O serviço melhorou, mas ainda está longe do nível do metrô –só uma das seis linhas está próxima dessa qualificação, que envolve regularidade, redução de intervalos/rapidez, qualidade das estações e dos trens.


O governo do Estado pretende dar qualidade de metrô a 62% da rede até o final do ano, em investimento de R$ 23 bilhões. Foram deixadas de lado, ao menos inicialmente, as extremidades das linhas.


A Folha percorreu as seis linhas da CPTM na última semana. Encontrou trens atrasados em três linhas, estações carentes de estrutura e uma frota antiga, em média com 20 anos de operação –até sexta, circulavam em Itapevi trens de 1958.


Mas houve avanços: nos vagões quase não há camelôs. Os intervalos entre os trens diminuíram, embora oscilem. Mesmo ainda velhas, as composições estão mais limpas e, nas principais estações, funcionários orientam passageiros. A violência, diz a CPTM, caiu.


Novas estações


Desde 2007, nove estações foram construídas e outras 12, adaptadas. A linha mais próxima da qualidade do metrô hoje –e a única a receber esse atributo em toda a sua extensão– é a 9-Esmeralda, entre Osasco e Grajaú, a segunda menos movimentada da rede. Trata-se da vitrine da CPTM: paralela à marginal Pinheiros, a linha corta região nobre Alteração.


Outra mudança ocorreu na linha 12-Safira, entre Brás e Calmon Viana, até alguns anos atrás a pior da rede. Ela ganhou três estações novas desde 2007 (Jardim Romano, Jardim Helena/Vila Mara e USP Leste). O governo prevê padrão de metrô em 80% da linha.


Estações como Calmon Viana, São Miguel, Brás têm problemas de acessibilidade –a CPTM diz que resolverá o problema dessas e de mais 16 neste ano. Até quinta, Calmon Viana tinha uma precária passarela de madeira. Ela foi desativada; a estação está em obras.


A frota de trens, segundo a empresa, está em renovação. O primeiro trem, aquele do início da reportagem, está em circulação desde março na linha 12. A linha 7-Rubi (Luz-Francisco Morato-Jundiaí) também ganhou um. Serão 48 ao todo.


Intervalos de seis a 18 minutos


Os intervalos são grandes. No metrô, a espera varia de um minuto e 40 segundos a quatro minutos e 20 segundos no horário de pico. Na CPTM, variou de seis a 18 minutos.


A estatal argumenta que a espera de 18 minutos deveu-se à retirada de duas composições por problemas mecânicos, que as oscilações são pontuais e que o intervalo em parte das estações caiu de nove minutos para seis minutos. A meta é chegar a cinco minutos no final do ano e, em metade das linhas, a três minutos em 2011. Isso ocorrerá em razão da maior oferta de trens e da renovação de sistemas de controle.


“É algo grande, que não se consegue fazer em pouco tempo”, disse o engenheiro de transportes Jaime Waisman, professor da Poli-USP. Um dos desafios, disse, está em adaptar estações do início do século 20.


Para Adalberto Maluf, diretor da Fundação Clinton no Brasil, o governo precisa priorizar a rede de ônibus. “Não adianta trem bom se a pessoa não consegue chegar ao trem”.

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