O grupo português Brisa entrou na CCR, maior concessionária de rodovias do Brasil, em 2001, com um investimento total de € 183 milhões. Ontem, o grupo anunciou sua saída da CCR, vendendo parte das ações para os outros controladores – as construtoras Camargo Corrêa, Andrade Gutierrez e Serveng -, e parte no mercado. No total, deverá levantar € 1,2 bilhão. E, nesse meio tempo, recebeu € 178 milhões em dividendos.
Apesar de precisar de recursos para novos investimentos de grande porte em Portugal, fontes ligadas ao negócio acreditam que um dos objetivos dos controladores da Brisa foi realizar o investimento e embolsar lucros. Os principais acionistas da Brisa são o fundo de investimento britânico Babcock & Brown, o grupo espanhol Albertis Infrastructura e o grupo português José de Mello – reminiscência do maior conglomerado empresarial do país até os anos 1970.
Pelo acordo assinado pela Brisa com os controladores brasileiros da CCR, eles ficarão com 6% dos 16,35% detidos pelo grupo português. O valor da operação é estimado em R$ 990 milhões. Os outros 10,35% deverão ser levados ao mercado em colocação privada, negócio estimado em R$ 1,7 bilhão, pelo valor de mercado das ações.
Na justificativa apresentada ao mercado para o negócio, a Brisa alega que a participação da CCR, contabilmente, valia em seu balanço apenas € 311 milhões. A liquidação da operação, estima a empresa, representará um ganho de capital de € 750 milhões, e amenizará o endividamento líquido do grupo, preparando-o para novos negócios.
No fim do ano passado, o consórcio liderado pela Brisa, com uma participação de 16,3%, ganhou um trecho de 165 km do trem-bala português, que custará € 1,3 bilhão para ser construído até 2013. Nos planos da empresa também estão participar da privatização da Aeroportos de Portugal (ANA), que administra o sistema aeroportuário do país, e a construção do novo aeroporto internacional de Lisboa, projeto de € 3 bilhões.
No Brasil, a Brisa permanece com uma participação de 10% na Controlar, empresa que faz a inspeção veicular em São Paulo. Ela entrou no negócio junto com a CCR, que em 2009 pagou R$ 142 milhões para ficar com outros 45% da Controlar.
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