O Banco do Brasil vai liberar este ano R$ 200 milhões para custeio e comercialização de soja no noroeste de Minas Gerais. A linha é uma tentativa de vitalizar a produção de grãos na região, descrita pelo secretário estadual de Agricultura, Gilman Viana, como a última fronteira agrícola do país.
Em abril do ano passado, a FCA, uma subsidiária integral da Vale, inaugurou um terminal ferroviário em Pirapora (MG), ligando a região ao porto de Vitória. Mas os resultados em 2009 foram decepcionantes: apenas 250 mil toneladas de grãos foram transportadas, a metade do previsto. A meta de 500 mil toneladas deverá ser atingida este ano. O plano da FCA de transportar 2,7 milhões de toneladas até 2013 já foi revisto para 2,3 milhões.
A FCA realizou o investimento após fechar uma parceria com o governo mineiro, que construiu 800 quilômetros de ligações rodoviárias até Pirapora, inclusive a que passa pelo município de Unaí, o principal produtor de grãos do noroeste mineiro.
POD NOS TRILHOS
- Investimentos, projetos e desafios da CCR na mobilidade urbana
- O projeto de renovação de 560 km de vias da MRS
- Da expansão da Malha Norte às obras na Malha Paulista: os projetos da Rumo no setor ferroviário
- TIC Trens: o sonho começa a virar realidade
- SP nos Trilhos: os projetos ferroviários na carteira do estado
Comercializadores privados já construíram estruturas de silagem metálica com capacidade de armazenagem simultânea de 80 mil toneladas, o que permite a movimentação de 1 milhão de toneladas por ano. As circunstâncias de 2009 inibiram investimentos dos produtores, afirmou o coordenador de comunicação institucional da FCA, José Oswaldo Cruz, em uma referência à crise econômica global.
O BB está expandindo a sua carteira agrícola em Minas Gerais como um todo. Segundo o superintendente de negócios do banco no Estado, Tércio Pascoal, entre 2008 e abril deste ano o Banco aumentou quatro pontos percentuais a sua participação no financiamento agrícola mineiro, atingindo 70% do total estimado em R$ 9,8 bilhões este ano.
Em números absolutos, significam R$ 6,9 bilhões. Pascoal afirmou que houve um crescimento de R$ 800 milhões nas liberações do BB. Para a próxima safra, uma possibilidade é que as liberações fiquem em torno de R$ 7,5 bilhões.
A soja do noroeste mineiro destina-se principalmente à exportação. Em 2009, segundo balanço divulgado pela secretaria estadual de Agricultura, manteve-se a trajetória de expansão das exportações de grão no Estado, ainda que com uma rentabilidade menor.
A exportação mineira de soja passou de 499,5 mil toneladas em 2008 para 1,138 milhão de toneladas em 2009. A produção total do Estado foi de 2,7 milhões de toneladas. Mas nas exportações não há avanços em uma comparação mais ampla na linha do tempo: o volume registrado no ano passado é ligeiramente inferior ao de 2003 e substancialmente menor do que o pico de 1,9 milhão de toneladas registrado em 2005.
O valor médio da tonelada de soja exportada em Minas recuou entre 2008 e 2009 de US$ 544 para US$ 434. Ainda assim, o valor é o segundo maior nos últimos sete anos. No noroeste, os maiores exportadores são Multigrain e Agrícola Xingu, instaladas em Unaí.
Seja o primeiro a comentar