Depois de acertar o caixa do Rio Grande do Sul nos primeiros anos de mandato, o governo de Yeda Crusius (PMDB) tem como meta investir 20% da sua receita corrente líquida em infraestrutura em 2015. Neste ano, serão investidos 8%, o que corresponde a R$ 2,2 bilhões. O valor deve chegar a R$ 5 bilhões em 2015, caso a meta seja alcançada. Nos últimos anos, a média de investimento no setor foi de R$ 500 milhões. “O que faltava era gestão e vontade política”, disse a governadora ontem no seminário “Rio Grande do Sul: gestão pública como base para atrair investimentos”, promovido pelo Valor ontem, em São Paulo.
“Ficamos os últimos 20 anos sem investir no setor e hoje tudo o que for feito é necessário”, diz Daniel Andrade, secretário de Infraestrutura e Logística do Rio Grande do Sul. Segundo ele, o foco deve ser o transporte rodoviário, sem perder de vista outros modais. “Não é possível sustentar os investimentos privados sem ter energia e transportes fortes”, diz Andrade.
A preocupação do governo deve-se à expectativa de que, até o fim de 2010, o setor privado invista cerca de R$ 43 bilhões em cerca de 200 empreendimentos.
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Michael Ceitlin, diretor-superintendente da Mundial, fabricante de utensílios de cozinha e cuidados pessoais, entre outros produtos, ressalta que a logística é realmente uma desvantagem para o investimento no Estado. “Apenas 6% do nosso consumo é no Estado, o restante é para fora, e a logística acaba sendo uma adversidade”, disse ele.
A sinalização do governo, porém, de que será possível reativar seus investimentos, tem atraído as empresas. José Carlos Pinheiro Neto, vice-presidente da GM, há 13 anos no Estado, conta que a companhia dobrará sua capacidade de produção da fábrica em Gravataí , com a aplicação de R$ 2 bilhões. “O Rio Grande do Sul tem muitas vantagens, entre elas a tranquilidade fiscal, o governo não rasga contratos, e a estabilidade é essencial para um investidor”, disse o executivo.
A Braskem iniciará em outubro a produção do “plástico verde”, a partir do etanol, em Triunfo, a 50 quilômetros de Porto Alegre. O investimento de R$ 500 milhões foi iniciado em 2008, e a unidade terá capacidade para produzir 200 mil toneladas do produto. “O governo se mostrou entusiasmado com o projeto e no Estado há muita mão de obra qualificada”, diz Marcelo Lyra, vice-presidente de Relações Institucionais da Braskem. A empresa tem 14 unidades petroquímicas no Estado.
Astor Milton Schmitt, diretor-corporativo da Randon, também elogia a qualidade da mão de obra no Estado e os incentivos dados pelo Estado à indústria. A infraestrutura, porém, “está longe do que devia ser”, segundo ele. “Somos talvez os únicos fabricantes de vagões que ficam a 120 quilômetros da ferrovia”, disse.
O entrave da infraestrutura fica à frente das queixas sobre a carga tributária. Para os executivos, o maior problema é falta de isonomia no pagamento dos impostos, seja em relação a outros Estados, seja por conta de sonegação. “Não tenho ilusões de que a carga fiscal vai diminuir, mas ela pode não aumentar caso o Estado consiga arrecadar mais por meio de uma fiscalização mais eficiente”, diz Schmitt, da Randon.
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