O controlador do grupo EBX, Eike Batista, lançou ontem as obras do porto Sudeste, em Itaguaí, anunciando investimentos de R$ 34,8 bilhões para o Estado do Rio de Janeiro até 2012. Desse total, R$ 6,1 bilhões são relativos aos portos de Açu e Sudeste; R$ 9 bilhões serão investidos em siderurgia, em parceria com a chinesa Wisco; R$ 4,2 bilhões em exploração de petróleo; R$ 15 bilhões em projetos de geração de energia; e R$ 500 milhões em outras instalações.
No evento, o governador do Rio, Sérgio Cabral, creditou ao governo federal a melhora no ambiente de negócios no País. “(O presidente) Lula soube colocar o Brasil nos trilhos do crescimento sem desrespeitar os fundamentos macroeconômicos”, disse. Eike Batista também tratou de lisonjear o governo federal. Chegou a classificar o Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) como o “melhor banco do mundo”. A instituição, lembrou, está financiando o porto do Sudeste, batizado de “Superporto” pela EBX, com R$ 1,2 bilhão.
“Vejo a imprensa dizendo que o governo está favorecendo um ou outro grupo. Não é favorecimento. São empréstimos rigorosos, que têm de ser pagos. Só bons projetos ficam de pé”, defendeu. O projeto está sendo tocado pela LLX, empresa de logística do grupo. O porto, localizado na Baía de Sepetiba, segue o conceito de terminal portuário privativo de uso misto.
POD NOS TRILHOS
- Investimentos, projetos e desafios da CCR na mobilidade urbana
- O projeto de renovação de 560 km de vias da MRS
- Da expansão da Malha Norte às obras na Malha Paulista: os projetos da Rumo no setor ferroviário
- TIC Trens: o sonho começa a virar realidade
- SP nos Trilhos: os projetos ferroviários na carteira do estado
O empreendimento, de R$ 1,8 bilhão, escoará a produção do Sistema Sudeste da MMX, empresa de mineração do grupo EBX, e de outros produtos de minério de ferro do Quadrilátero Ferrífero de Minas Gerais, que atualmente não exportam por falta de opção logística.
O início da operação do porto está previsto para 2012. Como a movimentação de minério será feita por ferrovia, serão construídos, a partir da linha principal da empresa MRS, um ramal de 2,3 quilômetros e estrutura para descarregamento dos vagões e manobra dos trens em formato de pera (a chamada pera ferroviária).
Primeira remessa. Durante o lançamento, Eike revelou que a MMX, mineradora do grupo, já enviou a primeira remessa de minério de ferro para a China pelo terminal da CSN, também em Itaguaí. São 150 mil toneladas, que fazem parte de contrato firmado com a Wisco. Segundo a EBX, a remessa enviada corresponde ao total acordado para este ano. “A demanda por minério de ferro continua enorme. A China não parou. E a Índia, que era exportadora de minério para a China, está virando quase importadora”, disse Eike.
Com a implantação do porto Sudeste, a MMX passará a escoar por ele a sua produção. O contrato da MMX com o porto Sudeste é de 33 milhões de toneladas, produção que a empresa espera alcançar até 2014. “Hoje, produzimos 7 milhões de toneladas e temos dificuldade de escoar”, disse Eike. O restante da capacidade do porto, que é de 50 milhões de toneladas por ano, deve ser utilizado com a produção de terceiros. “Estamos em contato com todas as empresas do Quadrilátero Ferrífero de Minas todos os dias.
Quem tem a mina vai ter de buscar comprador e fechar um contrato take or pay conosco, para usar uma parte da capacidade do porto”, explicou Eike. Ele afirmou que, além de Minas, o porto pode atender a outros Estados. “Isso porque vai entrar carvão eventualmente.”
A LLX já anunciou a contratação das obras civis e equipamentos para a construção do porto. As obras serão conduzidas pelo consórcio ARG-Civilport.
Seja o primeiro a comentar