Marcos da urbanização paulista, as estações ferroviárias de São Paulo estão virando também patrimônio cultural do Estado.
Nove conjuntos de prédios que pertenceram a São Paulo Railway, a primeira ferrovia a ser implantada em São Paulo, para escoar a produção de café, foram tombados e outros 24 estão sendo estudados e podem ser incluídos na lista até o fim do ano.
Na primeira leva, entraram Jundiaí, Várzea Paulista, Franco da Rocha, Caieiras, Perus, Jaraguá, Ribeirão Pires, Rio Grande da Serra e Santos com seus armazéns.
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Construídas com tecnologia inglesa entre 1862 e 1867, elas têm como características marcantes os postes de ferro fundido, uma novidade na arquitetura mundial da época, e mãos-francesas –peças triangulares de sustentação do edifício– com detalhes decorados em ferro.
A introdução do tijolo, em uma época em que a taipa era o principal material usado nas construções paulistas, representou uma inovação no fim do século 19.
Elas representam a expansão da ferrovia pelo estado e a explosão de crescimento da cidade de São Paulo, afirma o pesquisador Ralph Menucci, que estuda há 15 anos a história das ferrovias no Estado e é autor do pedido de tombamento.
Sob comando da CPTM, que transporta passageiros, e da MRS Logística, que faz o transporte de carga, conservam intactas características originais. E, a partir de agora, não podem ser alteradas.
As ferrovias têm papel fundamental no desenvolvimento econômico do Estado de São Paulo. Surgiram com o café e possibilitaram, mais tarde, o desenvolvimento da indústria, afirma a historiadora Ana Luiza Martins, que coordena a equipe responsável pelo estudo de tombamento no Condephaat.
Há um ano, eles viajam pelo Estado fazendo um inventário do patrimônio ferroviário. Visitam cada estação, observando o grau de preservação e as características arquitetônicas mais marcantes.
Entre os critérios observados estão a relevância histórica e o estado de conservação. Imóveis deteriorados não serão tombados. Queremos selecionar as mais significativas, que representem bem a época e os estilos arquitetônicos originais, completa Martins.
O estudo se estende a prédios anexos, como casa de máquinas, armazéns, oficinas e passarelas, que tiveram relevância na ferrovia. Há exemplares em estilos arquitetônicos como o art déco, neocolonial, eclético, neoclássico. Até uma modernista, em Jaguariúna.
A equipe do Condephaat encontrou estações nas mais diversas situações. Em Santa Cruz do Rio Pardo, o prédio da estação estava ocupado por sem-teto. Outras, em melhor estado, tornaram-se prédios públicos e culturais, como as de Americana e de Araraquara.
Em muitos casos, a posse ainda é da União, que herdou em 1998 o patrimônio da Fepasa. Algumas prefeituras compraram ou conquistaram na Justiça a posse, outras fazem a administração em comodato (empréstimo).
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