Governo RJ não sabe custo de obra da Linha 4

O canteiro de obras inaugurado em março deste ano, na Avenida Armando Lombardi, foi o ponto de partida para um caminho ainda cheio de incertezas: a expansão do metrô da Zona Sul até a Barra da Tijuca. Apesar de já ter realizado as primeiras escavações no Maciço da Tijuca, o governo estadual admite que sequer sabe ao certo quanto custarão as obras.


Para aparar as arestas, a Secretaria da Casa Civil assinou esta semana um contrato de R$ 18,8 milhões com a Fundação Getúlio Vargas (FGV). A instituição ficará responsável por preparar, em um ano, uma série de estudos que incluem desde a demanda de passageiros até o impacto ambiental da obra, passando ainda pelo trajeto e pelos custos. O metrô para a Barra é um compromisso do Rio para as Olimpíadas de 2016, e o estado garante que será inaugurado em dezembro de 2015.


Moradores querem outro trajeto


As dúvidas em torno do projeto deixaram angustiados representantes de associações de moradores, que criaram um grupo, chamado “O metrô que o Rio precisa”, especialmente para discutir o tema.


O grupo está preparando um documento em que pretende sensibilizar as autoridades da importância da modificação do projeto que começou a ser executado em março. Em vez da ligação Jardim Oceânico-Gávea-General Osório, as associações irão sugerir o modelo Terminal Alvorada-Jardim Oceânico-Gávea-Jardim Botânico-Humaitá-Laranjeiras. Essa última estação faria a ligação com a da Carioca.


Apesar da intenção das associações de moradores de discutir o projeto, o governo estadual diz que não deverá haver mudanças no trajeto, definido como Jardim Oceânico-Gávea-General Osório. Para o início do primeiro trecho, na Barra, o governo reservou R$ 300 milhões este ano. E garante que as obras podem ser tocadas independentemente de definições em relação ao segundo trecho.


A certeza do trajeto, no entanto, não esconde as dúvidas que ainda restam. O chefe da Assessoria de Projetos Especiais do governo estadual, Cesar Mastrangelo, admitiu que apenas os estudos em parceria com a FGV vão definir, por exemplo, os custos totais da obra:


– O valor de R$ 5 bilhões que temos hoje é uma estimativa, que será revista através desses estudos. A FGV também ficará responsável por rever a questão da demanda e pela questão do impacto ambiental, além de redesenhar o equilíbrio financeiro do projeto. O contrato original previa que as obras seriam feitas com 45% de recursos do estado e 55% de verbas do consórcio que assumir a construção. Só que isso valia para um trajeto que incluía um trecho da Gávea para Botafogo, que foi abortado.


Anos passam e custos sobem


O projeto de metrô Barra-Zona Sul é uma novela que se arrasta há mais de uma década. Entre a licitação e a inauguração do canteiro de obras passaram-se 11 anos e quatro meses. E a previsão de custos só foi aumentando. O trajeto inicial, de 1998, sairia do Morro São João, em Botafogo, seguindo do Humaitá ao Jardim Oceânico, com gastos estimados em R$ 880 milhões. Em dezembro de 2002, no fim da gestão de Benedita da Silva, foi apresentada pela primeira vez uma proposta semelhante à que as associações de moradores defendem atualmente: Carioca-Laranjeiras-Humaitá-Gávea- São Conrado-Jardim Oceânico- Shopping Downtown-Nova Ipanema Alvorada. Custo previsto: R$ 2 bilhões. Apesar de só poder falar em custos precisos após os estudos da FGV, o estado agora fala em R$ 5 bilhões pelo trajeto Jardim Oceânico-Gávea-General Osório.

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