Atualmente, 338 mil viagens diárias de caminhão são geradas em São Paulo, SP, e destinadas à própria capital paulista, segundo dados da Secretaria de Transportes do Estado de São Paulo. Só de passagem, são mais 27 mil. Ampliando o universo, são 3,5 milhões de veículos que circulam na capital, de acordo com a Companhia de Engenharia de Tráfego (CET). Diante dos números, não é à toa que projeções pessimistas, ou talvez realistas, apontam para travamento do trânsito nessa região metropolitana em alguns anos.
Os congestionamentos só aumentaram a cada ano. Em 2005, o pico de lentidão na capital era de 77 km; saltou para 86 km em 2006 e para 89 km em 2007. No período da tarde, passou de 116 km em 2005 para 129 km em 2007. A lentidão crescente implica custos bilionários, calculados pelas horas que o motorista permanece parado, pelo consumo de combustível e pelos impactos na saúde da população.
E tem mais: com bom momento vivido pela economia brasileira e pela indústria automobilística, a frota deve aumentar significativamente em pouco tempo. A indústria impulsiona a economia, mas a lentidão traz impactos negativos na competitividade econômica nacional. Sim, nacional. A capital paulista responde por 35,45% do PIB estadual e por 12% do PIB brasileiro, e isso significa que fatores que impactam sua cadeia de produção refletem por toda a economia brasileira. Há uma luz no fim do túnel que não seja de lanternas e faróis?
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Estudos da Secretaria de Transportes do Estado mostram que mais de 90% do transporte é feito pelo modal rodoviário. A extensão total da malha rodoviária estadual é 198.571,52 km, segundo dados do Departamento de Estradas de Rodagem (DER), de outubro do ano passado. Investimentos ainda são destinados a esse tipo de transporte, como vimos recentemente com a inauguração do trecho sul do Rodoanel e a nova Marginal Tietê.
Pois bem, enquanto somente no Estado de São Paulo a quilometragem das rodovias beira os 200 mil km, a malha ferroviária brasileira para o transporte de cargas é composta de aproximadamente 29 mil km, segundo dados da Agência Nacional de Transportes Terrestres (ANTT), de 2008. Respondendo à pergunta, a luz vem dos ‘trilhos’, porque há muito espaço para crescimento, aliada às necessidades emergenciais. Então, a solução, ou uma delas, está na melhor distribuição e reestruturação dos modais.
Isto, inclusive, consta no Plano de Transporte para a Região Metropolitana de São Paulo, da Secretaria de Transportes, que será apresentado, no dia 7 de outubro, no painel de Caminhões e Ônibus do Congresso SAE BRASIL 2010. Durante o encontro, o governo e representantes da indústria irão mostrar as perspectivas do sistema de transporte e quais ações são necessárias para que a região continue a crescer sem ser impactada ainda mais pelo caos no trânsito. Uma das medidas, como dito, é a melhor distribuição entre modais, reduzindo os atuais 90% de utilização do modal rodoviário para 70%, mas sem diminuir ou frear o aumento da frota. O planejamento prevê que este percentual seja transferido para transporte ferroviário. O ganho seria, principalmente, em tonelagem transportada. Alternativa em estudo também é a criação de ‘bolsões’ na região, ou seja, terminais intermodais que liguem cada sistema de transporte. Há diretrizes sendo formuladas, mas o debate é necessário, principalmente para delinear as ações de governo, da iniciativa privada e da indústria automobilística que contribuam para a mobilidade do futuro.
* Márcio Schettino é diretor do comitê de Caminhões e Ônibus do Congresso SAE BRASIL 2010
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