Uma obra com “carga emocional muito grande” e pouca utilidade prática. É assim que o engenheiro e consultor em transportes Cláudio Senna Frederico descreve o projeto do trem de alta velocidade planejado para ligar a cidade de São Paulo à do Rio de Janeiro. “Em um país onde há tantos problemas a serem resolvidos, ainda não vale a pena gastar 30 bilhões de reais nesta obra”, afirmou.
Senna participou de seminário na Federação do Comércio de Bens, Serviços e Turismo do Estado de São Paulo (Fecomercio), no qual foi discutido o projeto do trem-bala brasileiro. Ele insistiu no fato de que este meio de transporte “é um sucesso apenas porque é adorado, mas não tem objetividade nem eficácia.”
Segundo o consultor, que foi secretário de Estado de Transportes Metropolitanos de São Paulo na década de 1990, há investimentos em infraestrutura mais urgentes e que, com um custo mais baixo, podem resolver grande parte dos problemas de transporte no Brasil. O principal exemplo é o do setor aéreo.
POD NOS TRILHOS
- Investimentos, projetos e desafios da CCR na mobilidade urbana
- O projeto de renovação de 560 km de vias da MRS
- Da expansão da Malha Norte às obras na Malha Paulista: os projetos da Rumo no setor ferroviário
- TIC Trens: o sonho começa a virar realidade
- SP nos Trilhos: os projetos ferroviários na carteira do estado
Análise feita pelo engenheiro mostra que o tempo médio “porta a porta” gasto em uma viagem de avião entre as cidades de São Paulo e do Rio é de quatro horas e 20 minutos. Este resultado inclui não apenas a duração de voo, de aproximadamente uma hora. Estão considerados também os traslados da origem até o aeroporto de partida, e do aeroporto de chegada ao destino final, além dos procedimentos antes do embarque.
No caso do trem-bala, que circulará a uma velocidade no intervalo entre 250 e 300 km/h, este tempo será de quatro horas e 25 minutos. O tempo dentro do trem gira em torno de duas horas e 50 minutos.
Seja o primeiro a comentar