O esgotamento do setor rodoviário provocado pelo crescimento desenfreado da economia faz com que as três esferas de governo – federal, estadual e municipal – resgatem o conceito de meio de transporte sobre trilhos e, aliados à iniciativa privada, planejem investimentos que beiram R$ 200 bilhões até 2023.
Pensando nisso e nas oportunidades de negócio que podem surgir com a expansão das malhas ferroviárias brasileiras, tanto para cargas como para passageiros, a Prefeitura de Diadema realizou, ontem, o seminário Setor Ferroviário: Investimentos e Oportunidades para a Economia de Diadema e do Grande ABC.
Durante o evento, foi proposto às empresas da região, que hoje fornecem somente à indústria automobilística, que diversifiquem sua área de atuação atendendo também ao
segmento ferroviário.
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“Existem funções bastante parecidas em ambos os setores, mudando apenas a quantidade produzida praticamente, que para o ramo automotivo é muito maior”, aponta Carlos Alberto Roso, diretor geral da MGE Transportes, responsável pela manutenção dos motores de tração dos trens do Metrô de São Paulo e fabrica esse mesmo motor para locomotivas.
Algumas dessas atividades são usinagem pesada, fundição, elementos de fixação e serviços de corte à laser. “Estamos à procura de fornecedores no Grande ABC. Hoje temos parceiros no Paraná e no Rio Grande do Sul para essas funções, mas se encontrarmos colaboradores por aqui, não teremos mais de pagar frete, nem teremos o alto custo com transporte. Além disso, conseguiremos cumprir melhor o prazo de entrega”, afirma Roso.
Dos 1.200 fornecedores atuais da MGE, 511 estão na região, sendo 221 em Diadema, 128 em São Bernardo, 94 em Santo André, 36 em São Caetano, 22 em Mauá e 10 em Ribeirão Pires. Porém, a maioria é do setor de serviços. “Estamos ampliando nossa atividade e temos potencial de absorver mais parceiros industriais”, diz. Desde 2008 a empresa foi adquirida pela Carterpillar, que vem ampliando sua gama de serviços com aquisições recentes.
Para o prefeito de Diadema, Mário Reali, o objetivo é que as indústrias da região tornem-se cada vez mais flexíveis para deixar a produção mais punjante. “As autopeças vêm sofrendo muito com o fornecimento exclusivo às montadoras. E o evento é um pontapé inicial à mudança desse processo”, diz.
O fato de o real estar valorizado ante o dólar também tem facilitado a entrada de insumos chineses, com preços muito mais competitivos que os brasileiros.
Segundo o secretário do Desenvolvimento Econômico do município, é possível que futuramente a Prefeitura se desdobre na capacitação de suas companhias para que elas sejam inseridas no setor ferroviário. “Enquanto isso ainda é uma possibilidade, vamos levantar informações mais detalhadas sobre o perfil da indústria de Diadema para realizar a aproximação entre as potenciais fornecedoras e a Abifer (Associação Brasileira da Indústria Ferroviária).”
A Abifer reúne 42 fabricantes e pretende, em um ano, de acordo com seu presidente, Vicente Abate, ampliar o número de associadas para 70.
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