Na unidade localizada na fábrica de Ipameri, a capacidade de produção será de cerca de 225 milhões de litros por ano Acompanhar o crescimento da demanda sem a pretensão de abocanhar uma fatia maior do mercado. É com esse espírito que a Caramuru Alimentos inaugura nesta sexta-feira sua segunda unidade de produção de biodiesel, desta vez localizada em sua fábrica em Ipameri, no sudeste de Goiás.
Fruto de um investimento de R$ 54 milhões – parte dele financiado pelo BNDES -, a nova instalação terá capacidade para processar cerca de 225 milhões de litros do biocombustível por ano. Óleos vegetais, sobretudo o de soja, e gorduras animais, especialmente o sebo bovino, serão as matérias-primas mais utilizadas.
O projeto está em linha com o aumento do percentual obrigatório de mistura do biodiesel no diesel, resume César Borges de Sousa, vice-presidente do conselho de administração da Caramuru. Em 1º de janeiro de 2010, o governo federal antecipou a elevação da mistura de 3% para 5%, criando uma demanda adicional que em geral vem sendo atendida pelas empresas que apostam no segmento.
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Como a estratégia da Caramuru está atrelada aos incrementos da mistura definidos pelo governo, ainda não há previsões de novos investimentos nessa frente. Ainda que prefira a cautela, Souza aprova os reflexos comerciais, ambientais e sociais do programa oficial.
Ao contrário de players que enfrentam dificuldades em garantir a oferta necessária de matéria-prima produzida pela agricultura familiar para garantir o selo social que confere vantagens nos leilões de compra do biocombustível promovidos pela ANP, a Caramuru afirma aproveitar a situação para fortalecer inclusive outras áreas de atuação.
Também graças ao biodiesel, estamos crescendo na originação de soja não transgênica produzida pela agricultura familiar. Com a nova unidade de Ipameri, diz Sousa, mais 668 agricultores de perfil familiar, com uma área total de 44,5 mil hectares, serão incorporados à rede de fornecedores familiares do grupo, aos quais oferece assistência – com apoio do Banco do Brasil no contexto do Programa de Desenvolvimento Regional Sustentado (DRS).
O vice-presidente da Caramuru também faz questão de dizer que a estratégia de compra e venda do biocombustível segue a mesma lógica de hedges do tradicional negócio de compra de soja para a exportação do grão ou a produção de farelo e óleo para outros fins. Trabalhamos muito protegidos. Amarramos tudo, inclusive com hedge cambial, explica ele.
Até agora, a companhia concentrava sua produção de biodiesel na unidade que construiu no complexo de São Simão, também em Goiás, ao sul de Ipameri. Com as duas unidades, a capacidade de produção de biodiesel chegará a 450 milhões de litros por ano. A soja é a matéria-prima utilizada em cerca de 80% da produção total. O sebo bovino responde por outros 10%.
Maior processadora de grãos de capital nacional do país, a Caramuru, como já informou o Valor, prevê encerrar 2010 com faturamento de R$ 2,3 bilhões, ante os R$ 2,2 bilhões do ano passado. Do montante total, puxado pela soja, as exportações representarão 35%, menos que os 45% do ano passado.
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