Intermodalidade é saída para driblar gargalo

Empresas de logística com forte atuação no setor rodoviário apostam em outros modais de transporte (intermodalidade) para driblar gargalos causados principalmente pela falta de infraestrutura portuária do País. A meta é oferecer agilidade aos clientes.


Pensando nisso, a TNT Brasil lançou um serviço dedicado ao transporte aéreo de carga pesada, com a previsão de que esta área represente 20% de todos os negócios da empresa em cinco anos. Já a Rumo Logística aposta principalmente no transporte ferroviário, e com isso a empresa, que já investiu mais de US$ 100 milhões na compra de vagões desde o ano passado, permitiu ao Grupo São Martinho escoar 66 mil toneladas de açúcar do interior de São Paulo até o porto de Santos, em menos de dez dias.


De olho no atual cenário da economia brasileira, com o incremento das importações e exportações, a TNT que já opera 47 aviões no exterior, lançou um novo produto para o mercado brasileiro, o TNT International Freight, onde serão transportados produtos de alto valor agregado por via aérea, como os tecnológicos, emergenciais, peças industriais e farmacêuticos. O serviço, que estará disponível apenas no Estado de São Paulo, interligará os aeroportos de Viracopos, em Campinas (SP), e Cumbica, em Guarulhos (SP), à Europa, à China e aos Estados Unidos, de onde serão distribuídos pela própria empresa até o ponto final. “A operação é baseada no transporte de carga aérea pesada, a TNT hoje é líder no transporte expresso na Europa, então temos uma rede aérea e rodoviária enorme no continente. O Brasil não poderia ficar fora dessa rede, especialmente em um momento em que a economia nacional está aquecida”, disse o diretor de Marketing da empresa, Ricardo Gelain.


Inicialmente a TNT usará a parceria com a companhia aérea alemã Lufthansa, levando as cargas até a Alemanha, e de lá para a principal base da empresa na Bélgica, onde a TNT distribuirá as mercadorias com seus próprios aviões e caminhões. “A nossa maior parceira nesses serviços aéreos é a Lufthansa, pois ela possui um cargueiro que vai de São Paulo direto a Frankfurt. De lá nós conectamos com a base em Liège, na Bélgica, que é onde a TNT mantém todas as suas aeronaves, incluindo um Boeing 747, e voa diariamente para a Ásia”.
Gelain, no entanto, não descarta a possibilidade de colocar uma aeronave da própria empresa em conexão com o Brasil, mas ressalta que isso dependerá dos resultados obtidos com este novo serviço. “Nós não descartamos a possibilidade de trazer um avião da TNT ao Brasil, temos a intenção de operar aviões cargueiros aqui, mas isso depende das partes legais e também do crescimento da economia brasileira”, acrescentou.


No entanto, quando indagado sobre uma futura fusão, aquisição ou parceria de uma companhia aérea brasileira para o transporte de carga, Gelain afirmou que a empresa não está pensando nisso agora, mas que seria uma ideia interessante. Ele também falou sobre a TNT entrar em parceria junto ao modal ferroviário. “Ainda não estamos estudando essa possibilidade, até porque grande parte do que transportamos são materiais acabados. Mas talvez o faremos, no futuro”, refletiu.


Por fim, Ricardo Gelain comentou que a TNT estudou bastante o mercado brasileiro antes de entrar com este novo produto, e, com os recentes gargalos portuários, os clientes terão uma nova opção para enviar e receber suas mercadorias com agilidade e precisão. “Hoje temos muitos gargalos nos portos, filas imensas, tanto de navios quanto de caminhões. Assim, não é só o tempo de viagem de um navio que é demorado, mas os gargalos portuários que o País enfrenta são complicados para as empresas. Então esse serviço acaba compensando, não em todos os produtos, como as commodities, que não justificam o investimento, mas para produtos acabados e cargas mais pesadas a intermodalidade ajuda muito”, finalizou Gelain.


Açúcar


A operadora Rumo Logística pertence ao Grupo Cosan e é especializada na logística de açúcar e grãos. A empresa acaba de colher os frutos decorrentes da intermodalidade. Em uma parceria com a empresa São Martinho, produtora de açúcar e etanol, para o transporte de açúcar da Usina São Martinho, em Pradópolis (SP), até o Porto de Santos, foram economizados cerca de 15%, tanto em tempo de transporte, quanto em custos. “Esta parceria é o resultado do interesse mútuo da São Martinho e da Cosan, por meio da Rumo, em desenvolver processos mais eficientes e com menor custo para exportação de açúcar”, afirmou o presidente da operadora Rumo, Júlio Fontana Neto.


Nesta operação 70% de todo o açúcar foi transportado por ferrovia, e 30% por rodovia, e, segundo o presidente da companhia é uma alternativa muito interessante, já que se evitam as grandes filas de caminhões do porto e garantem-se os prazos de entrega.

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Fonte: DCI

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