A doméstica Jaqueline dos Santos Malvão, de 23 anos, já está apreensiva com a chegada do verão. Moradora da Pavuna, todos os dias, ela sai de casa às 5h e segue, de metrô, para Copacabana, onde trabalha. Segundo Jaqueline, o meio de transporte é o mais rápido e seguro, mas, o trauma do sofrimento vivido no verão passado, ainda não foi esquecido.
— O calor era horrível. Teve um dia em que vi uma senhora de mais de 80 anos desmaiando no vagão. Estava tão cheio, que foi difícil socorrê-la. Dentro do trem parecia uma sauna. Os vidros chegavam a ficar embaçados. Eu ficava com medo da hora em que tinha que ir para o trabalho. Se nesse verão for assim, vou passar a ir trabalhar de ônibus, que é ruim, mas vai ser mais confortável.
Esse sufoco, segundo a concessionária Metrô Rio, pode estar perto do fim. Até o início de novembro, todos os aparelhos de ar-condicionado da frota terão sido reformados.
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Na linha 2, onde os passageiros mais sofrem com o calor, a promessa é de que a temperatura fique até 10 graus abaixo da exterior. Segundo a concessionária, a medida é emergencial, enquanto os novos trens, importados da China, não chegam. Já foram investidos no projeto R$17 milhões.
Na reforma foram trocados 364 condensadores de ar-condicionado. A peça é responsável por resfriar o ar quente da atmosfera, para que ele seja jogado dentro do trem resfriado. De acordo com o coordenador de material rodante da empresa, Everton Gonçalves, agora, a potência é maior.
— No verão passado, a temperatura na brita chegou a 72 graus. Nossos condensadores só suportavam até 60 graus. Acima disso, desarmavam. Esse foi o problema. Agora, mesmo com temperaturas altas desse jeito, o ar-condicionado não vai parar de funcionar — explicou.
Os novos trens encomendados da China estão previstos para chegar ao Rio no fim de 2011. Segundo a concessionária, as composições não terão problemas com o ar-condicionado por que os aparelhos são colocados na parte superior do vagão, diferentemente dos trens atuais, em que o equipamento fica próximo ao chão e, consequentemente, do calor. Além disso, a potência de cada aparelho será 33% maior do que a dos atuais.
Projeto da Coppe-UFRJ
Os passageiros da linha 2 do metrô foram os que mais sofreram com o calor, no verão passado, já que as composições circulam por cima da terra e sofrem a ação direta do sol. Para esses trens, a Coppe-UFRJ desenvolveu uma espécie de ventilador que vai ajudar a resfriar o condensador do aparelho de ar-condicionado.
— Vai funcionar como a ventuinha do radiador de um carro — explicou o coordenador de Material Rodante da empresa, Everton Gonçalves.
O trabalho na oficina da Metrô Rio começou em maio e, por dia, dois vagões são reformados. De acordo com a gerente de Relações Institucionais da concessionária, Rosa Cassar, por causa dos problemas ocorridos no verão passado, uma equipe de 45 pessoas foi contratada para atuar na área.
— Chamamos profissionais para integrar uma equipe permanente dedicada somente à manutenção de ar-condicionado, além dos 75 funcionários que trabalham na reforma. Também já temos estoques de peças para repor imediatamente no caso de problemas durante o verão — garantiu Rosa.
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