Depois de um ano de estudos, um grupo de professores e alunos da Faculdade de Arquitetura e Urbanismo (FAU) da UFRJ criou uma alternativa à demolição do Elevado da Perimetral . Na proposta da universidade, o viaduto continuaria de pé e serviria de base para a circulação de um trem que ligaria os aeroportos Santos Dumont e Tom Jobim, passando pela Ilha do Fundão. Movido a energia elétrica, o veículo faria um percurso de 20km entre os aeroportos.
O professor Cristovão Duarte – que coordenou o trabalho, ao lado dos colegas Guilherme Lassance, Ivete Farah, Alexandre Pessoa e Ricardo Esteves – enfatiza que um dos objetivos da proposta é fazer com que a Perimetral deixe de ser um ícone do rodoviarismo e se transforme no símbolo de uma cidade que aposta no transporte coletivo.
– As prioridades de investimento na área de transportes devem estar direcionadas para o transporte coletivo de média e grande capacidade. Se existe um consenso entre os técnicos é que as cidades precisam se libertar do transporte individual. Hoje somos reféns do automóveis. E a demolição da Perimetral fará com que prefeitura troque seis por meia dúzia. O trânsito deixará de seguir pela superfície para ser subterrâneo. Também acontecerão engarrafamentos monumentais – prevê Cristovão, acrescentando que o trem circularia por uma das faixas da Linha Vermelha para chegar até o Aeroporto Tom Jobim.
O projeto da UFRJ também prevê uma repaginação total da Perimetral, que deixaria de ser um paredão cinzento e sombrio. O professor explica que a estrutura do viaduto é metálica e revestida de concreto. Para dar outro visual ao elevado, em algumas partes seria retirado o concreto e o monorail circularia sobre uma estrutura vazada, o que garantia a passagem da iluminação natural. Além disso, seriam criados jardins suspensos em alguns pontos do viaduto.
Segundo Cristovão, a solução seria economicamente viável. Sobre o custo do projeto, o professor diz que seria de aproximadamente R$ 1 bilhão, tomando como base licitações recentes feitas em São Paulo para a implantação do mesmo sistema de transporte em três áreas da capital paulista. Para demolir a Perimetral, a prefeitura prevê gastos de R$ 1,2 bilhões.
Para prefeitura, derrubada ajuda na revitalização
A UFRJ encaminhou a proposta – que contou com a participação dos alunos Sérgio Curriça, Vitor Damasceno, Pedro Toledo e da monitora Amanda Costa – para a prefeitura.
Mas o secretário municipal de Desenvolvimento Econômico, Felipe Goes, afirmou que o poder municipal continua firme na derrubada do viaduto entre a Rodoviária Novo Rio e o Mosteiro de São Bento.
– A proposta do monorail não resolve uma das questões mais importantes na revitalização da Zona Portuária, que é a valorização da qualidade urbanística tanto para os moradores quantos para quem vai trabalhar na região – diz ele.
O projeto da UFRJ também foi submetido à análise do Iphan. O superintendente do órgão no Rio, Carlos Fernando Andrade, elogiou a proposta:
– O projeto está bastante embrionário, mas é interessante. Merece ser mais bem avaliado. O custo visual da Perimetral a sociedade já paga. Então, pode ser viável deixá-lo onde está para beneficiar a ideia do transporte de massa.
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