ANTT não vê motivos para mudar leilão do TAV

As empresas interessadas em participar do leilão do Trem de Alta Velocidade (TAV) não apresentaram, até agora, nenhuma justificativa convincente para que o governo mude o cronograma para a licitação do trem-bala, cujo prazo para entrega das propostas termina na próxima segunda-feira, 29. A informação foi dada pelo diretor-geral da Agência Nacional de Transportes Terrestres (ANTT), Bernardo Figueiredo, em entrevista à Agência Estado.


“No que depender da ANTT, não muda (o cronograma). Não tem nenhuma razão, nenhum fato novo (que justifique o adiamento). Foi dado prazo suficiente para todo mundo”, enfatizou Figueiredo. Ele se referiu ao prazo de um ano e meio dado para estudo do projeto, período em que o documento foi submetido à consulta pública.


Figueiredo lembrou que, na semana passada, ele e o ministro dos Transportes, Paulo Sérgio Passos, reuniram-se com os empresários, que pleitearam o adiamento do leilão. Mas nesse encontro ficou claro, segundo Figueiredo, que dar um prazo maior para as empresas não resolveria nenhum dos problemas, citando como exemplo a insegurança dos empresários em relação ao risco do projeto.


“A única coisa objetiva que falaram é dar mais tempo para estudar o projeto, que está há um ano e meio em consulta pública. Não são três meses que vai resolver (o problema). É estudo de engenharia”, criticou o diretor-geral da ANTT.


Figueiredo admitiu que, se o governo optar pelo adiamento, “pode alterar a decisão a qualquer momento”, mas reforçou que a ANTT defende a manutenção do cronograma. Ele lembrou que, na semana passada, o ministro dos Transportes encontrou-se com a presidente eleita, Dilma Rousseff, e que “naquele momento”, ela estava de acordo com a manutenção das datas para a licitação do TAV.


Para disputar o leilão, o governo aposta na formação de, pelo menos, três consórcios. “Temos perspectivas de que se formem três grupos”, afirmou Figueiredo. Segundo ele, na concorrência pelo TAV, percebe-se claramente dois grupos de investidores nacionais, encabeçados por grandes empreiteiras, e cinco tecnologias disponíveis: francesa, japonesa, espanhola, coreana e chinesa.


“O que percebemos é que todos estudaram profundamente o projeto. Todos têm condições (de participar do leilão). Agora, a decisão de participar é empresarial de cada um. Não sei até que ponto o adiamento é um jogo estratégico das empresas”, observou Figueiredo.


Não está no horizonte do governo a liberação de mais recursos do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) para financiar o TAV, além do valor de até R$ 20 bilhões anunciado pelo governo. Se as empresas quiserem requerer mais recursos do banco público, alerta Figueiredo, será uma modalidade de financiamento convencional, com taxas de juros e prazos “normais”.


Até o fim da semana, os fundos de pensão das estatais terão de decidir se integrarão os consórcios antes ou depois da formação dos grupos. A opinião do diretor-geral da ANTT é de que eles fiquem “neutros” na licitação e só entrem na composição dos consórcios a posteriori.

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Fonte: Agência Estado

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