Uma nova chance para o trem-bala

O governo federal concedeu a si mesmo, na última sexta-feira, uma nova chance de resolver as polêmicas em torno do projeto para o Trem de Alta Velocidade que ligará o interior paulista, São Paulo e o Rio de Janeiro. Alvo de muitas críticas, como falta de estudos técnicos de custo e de demanda, o edital pode agora ser revisto.


A Agência Nacional de Transportes Terrestres (ANTT) nega que fará qualquer alteração — mas, também negou, até o último momento, que fosse adiar o prazo da licitação por causa da pressão dos consórcios interessados. O próprio modelo de edital pode ser revisto nos próximos meses. O texto em vigor prevê um único pacote de obras para o consórcio vencedor, que envolve da construção civil à operação de trens e estações.


Os fabricantes de trens, que normalmente representam uma fatia 10% do projeto, temem ser responsabilizados ou prejudicados por qualquer problema nas obras civis, sobre as quais alegam não ter controle. Para eles, o ideal seria a licitação independente de cada parte do projeto, como ocorre em outras partes do mundo. Agora, todos terão de aguardar o próximo passo da ANTT.


Mas o atraso não compromete a expansão econômica na região de Campinas, estação final do trem. Investidores e empresários já elevaram em 25% o preço dos imóveis no entorno do Aeroporto de Viracopos, que também deve ser palco de uma grande ampliação, à espera desses dois projetos de infraestrutura — com reflexos positivos para toda a região metropolitana de Campinas. De acordo com o economista Ulysses Semeghini, da Unicamp, a taxa de desemprego na região está em torno de 3%, ante a média nacional de 6,1% medida pelo IBGE. Ou seja, o pleno emprego está bem próximo de ser alcançado.


E não há sinais de retração do processo. Há uma guerra fiscal não declarada entre as cidades da área na tentativa de atrair mais empresas. E elas estão conseguindo. Por serem cortadas por Anhanguera, Bandeirantes e outras boas rodovias, asseguram o escoamento fácil da produção e, consequentemente, novos investimentos, mais empregos e melhor qualidade de vida.

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Fonte: Brasil Econômico

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