Em 2010, Brasil -leia-se, a Vale- vendeu cerca de US$ 28 bi em minério de ferro bruto, fundamentalmente para a China, a um valor médio de US$ 130 a tonelada.
Em compensação, o país acaba de lançar um edital internacional para adquirir fundamentalmente da China e leste europeu– 244,6 mil toneladas de trilhos, ao preço médio de US$ 864 a tonelada – quase sete vezes o valor do minério bruto embarcado. A fabricação própria viabiliza-se, segundo os especialistas, a partir de uma demanda de 500 mil toneladas de trilhos/ ano. O Brasil chegou a 496 mil toneladas em 2010.
Mas é só o começo. O país mobiliza o maior investimento ferroviário dos últimos 40 anos, com expansão prevista de 20 mil kms de malha até 2025, conforme o Plano Nacional de Logística e Transportes (PNLT). Projetos já em andamento, incluídos no PAC 2, somam mais 3.757 km até 2014.
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A montagem de uma fábrica de trilhos requer investimentos da ordem de US$ 1,5 bilhão. Em 1996, um ano antes de privatizar a Vale do Rio Doce , o governo Fernando Henrique Cardoso desativou também o laminador de produção de trilhos da Companhia Siderúrgica Nacional (CSN). Fez barba e bigode: entregou o minério bruto e inviabilizou a agregação de valor local. A Vale foi privatizada por R$ 3,3 bilhões, em 1997.
Atualizado, o valor corresponde ao lucro líquido da empresa obtida apenas em um trimestre (o 3º) de 2010. O lucro seria mais que suficiente para implantar uma fábrica de trilhos, algo que a empresa, dirigida pelo tucano Roger Agnelli, desde 2001, jamais cogitou.
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