A Loma Negra, maior cimenteira da Argentina e controlada pela brasileira Camargo Corrêa, deverá investir US$ 72 milhões em 2011 e, assim, aumentar sua capacidade de produção dos atuais 7 milhões para 8 milhões de toneladas por ano. O ganho ocorrerá com a ampliação da capacidade de moagem da planta de L’Amalí, na Província de Buenos Aires, uma das nove unidades industriais no país vizinho.
Para escoar a produção, a Loma Negra duplicará o centro de distribuição que detém nos arredores da capital argentina, além de fazer novas compras de vagões e locomotivas para a Ferrosur, uma ferrovia de cargas com 3.150 quilômetros de extensão, também de sua propriedade. A expansão da unidade de L’Amalí deverá estar pronta em agosto.
Diante do forte crescimento das vendas de cimento na Argentina, que alcançou 10% em 2010 e duplicou as expectativas da Loma Negra no início do ano passado, um novo investimento deverá ser anunciado nos próximos meses. Conforme antecipou ao Valor o vice-presidente de operações da Camargo Corrêa Cimentos, Ricardo Lima, será a ampliação de uma fábrica existente na Província de San Juan – a menor do grupo atualmente, com capacidade para 150 mil toneladas por ano – ou a construção de uma unidade inteiramente nova. O objetivo é atender a demanda em expansão na região do Cuyo, no oeste do país, perto da Cordilheira dos Andes.
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Localização exata e tamanho do investimento estão sendo estudados, mas é praticamente certo que o aumento de capacidade será de pelo menos 500 mil toneladas. O projeto levará de dois a três anos, calcula Lima, o que demonstra a confiança da multinacional brasileira nas perspectivas da Argentina. “Seguimos apostando em que a economia do país continuará crescendo de 4% a 5% nos próximos anos”, disse o executivo.
Neste ano, a Loma Negra acredita que as vendas de cimento aumentarão 7%. “Os anos eleitorais costumam ser muito bons”, afirmou o argentino Osvaldo Schütz, novo diretor-geral da empresa, que acaba de substituir Lima no cargo. Ele se refere às eleições presidenciais de outubro. Tanto obras de infraestrutura quanto o hábito local fazer poupança em imóveis ou em tijolos – de bons apartamentos a “puxadinhos” nas casas mais pobres – devem contribuir para manter a demanda aquecida. “Há um efeito duplo. Por um lado, o governo atual tem investido muito em obras públicas. Por outro, desde a crise de 2001, qualquer argentino com alguma poupança gosta de investir em construção. É visto como um refúgio de valor que sobrevive às crises”, afirmou.
A confiança nas suas perspectivas reflete o sucesso da Camargo Corrêa na Argentina, desde que pagou US$ 1,025 bilhão pela aquisição da Loma Negra, em 2005. Nos cinco primeiros anos à frente da maior cimenteira do país, o volume de produção aumentou 43% e foram investidos US$ 300 milhões. O número de empregados diretos subiu 40% e chegou a cerca de 3 mil pessoas. A rentabilidade também cresceu. Basta ver que o lucro líquido obtido de janeiro a setembro do ano passado, de 120 milhões de pesos (US$ 30 milhões), foi 50% superior ao que foi registrado pela cimenteira Minetti, uma de suas principais concorrentes.
Um detalhe nada desprezível foi a transformação de seus fornos em bicombustíveis, o que permitiu driblar as crises no fornecimento de gás natural às indústrias no inverno argentino, como tem ocorrido nos últimos anos. Foram todos convertidos para o uso alternativo de coque de petróleo. Em breve, 15% dos combustíveis tradicionais poderão ser trocados por alternativos, como pneus e resíduos industriais, diminuindo os custos e as emissões de gases-estufa.
Após um período de adaptação, no qual até os indicadores de consumo de energia eram diferentes no Brasil e na Argentina, a Loma Negra chega em uma nova etapa. Uma lipoaspiração em seu logotipo, estreada durante a Copa do Mundo, modernizou a identidade visual da companhia. Um argentino volta a dirigi-la, pela primeira vez desde que passou ao controle de brasileiros. E ela foi às compras.
Em dezembro de 2009, adquiriu La Preferida, uma empresa dedicada à exploração e produção de pedra granítica, matéria-prima para a fabricação de concreto pela Lomax, outra de suas subsidiárias. Em junho de 2010, comprou as 24,5% de ações restantes da Recycomb, especializada na reciclagem de resíduos industriais na geração de energia.
Colhendo os resultados dos primeiros cinco anos de atuação na Argentina, onde tem 45% de participação de mercado, a ordem na Camargo Corrêa é evitar distrações e buscar sinergias nas operações com o Brasil. “Por sorte, mesmo durante a crise, mantivemos os projetos que estavam em andamento. O mais importante é seguir com o plano de investimentos para elevar a nossa capacidade”, conclui Lima.
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