Nem tudo é só lamento no espólio da Rede Ferroviária Federal (RFFSA). Parte do que ficou de pé e que ainda pode ser utilizado vem sendo analisado pelo governo para alimentar projetos de passeios históricos. À frente dessa iniciativa está o Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan), em parceria com os ministérios da Cultura, do Turismo, além do Dnit e a Agência Nacional de Transportes Terrestres (ANTT).
Segundo José Cavalcanti, coordenador técnico de patrimônio ferroviário do Iphan, atualmente há cerca de 20 projetos em análise na autarquia para instalação de trens turísticos em municípios. A ideia é espalhar iniciativas de sucesso como a do trem do vinho, em Bento Gonçalves (RS) e o passeio da Serra Verde Expressa, entre Curitiba e Morretes. Essas ferrovias já em operação, inclusive, recebem hoje peças do patrimônio da Rede, comenta Geraldo Lourenço, diretor de infraestrutura ferroviária do Dnit.
A empreitada, que teve início no fim de 2009, já tem resultados. No ano passado foi criado o passeio do Trem da Serra, no Espírito Santo, onde uma litorina que estava sucateada há mais de 12 anos sobe lentamente a serra. No trajeto, chega a usar a injeção de areia para evitar deslizamento.
No ano passado, conta Lourenço, também foi criado o Expresso do Pantanal, que sai da capital do Mato Grosso do Sul, passando por Bonito. A ideia é ampliar o trajeto até a fronteira com o Paraguai. Outro passeio que deve entrar em operação neste ano é o Expresso Pai da Aviação, tocado pela ONG Movimento Nacional Amigos do Trem. O passeio vai cortar as serras mineiras do município de Santos Dumont, até Juiz de Fora.
O levante das marias-fumaças levou o governo a montar uma escola para formação de mão-de-obra especializada em ferrovias. Está em funcionamento em Santos Dumont um curso de operador ferroviário e recuperador de peças, onde já se formaram 30 alunos. Segundo o Dnit, Araraquara (SP) já se candidatou para montar uma escola nos mesmos moldes.
O governo também está buscando parceria com a Associação Brasileira de Preservação Ferroviária (ABPF), diz Lourenço. Quando ocorreu a desestatização da companhia, boa parte das locomotivas e vagões de época foi repassada para a ABPF.
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