A China iniciou a revisão do seu ambicioso projeto de expansão dos trens de alta velocidade. Entre as preocupações estão o alto endividamento do Ministério das Ferrovias, cujo chefe da pasta foi afastado por corrupção, e indícios de que o ritmo acelerado das obras tenha comprometido padrões de segurança.
O Conselho de Estado, chefiado pelo premiê Wen Jiabao, realizou diversas reuniões para avaliar a qualidade da construção e a viabilidade financeira do projeto, revelou a publicação econômica “Caixin”, uma das mais independentes da China.
“Projetos que já tiveram a construção iniciada não serão afetados, mas o restante pode ser adiado”, disse à “Caixin” Zhu Junfeng, da poderosa Comissão Nacional de Desenvolvimento e Reforma.
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Dívida
A dívida do Ministério das Ferrovias chegou a R$ 330 bilhões em 2009, dos quais R$ 18,5 bilhões em juros, segundo números oficiais.
Um estudo da Universidade de Beijing Jiaotong estima que o montante hoje alcance cerca de R$ 505 bilhões, dez vezes mais do que o recém-anunciado corte de gastos no Orçamento pelo Brasil.
No final do ano passado, um relatório do influente centro de estudos estatal Academia Chinesa de Ciências informou que as obras, aceleradas após 2008 para estimular a economia, provocaram níveis insustentáveis de endividamento.
Um dos problemas apontados é o baixo número de passageiros devido ao alto preço da passagem.
Especialistas também têm demonstrado preocupação com a qualidade. Segundo o jornal “South China Morning Post”, estudos mostram emprego disseminado de um material que, se mal usado, provoca fissuras nos pilares.
Um consórcio chinês coordenado pelo Ministério das Ferrovias estuda participar do leilão para o trem-bala brasileiro, em abril.
A China tem 8.358 km de ferrovias de alta velocidade, mais do que todas as linhas de trem-bala do resto do mundo somadas. Até 2015, a meta atual é chegar a pouco mais de 16 mil quilômetros.
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