A produção agrícola do Rio Grande do Sul não para de crescer, no entanto, a infraestrutura para escoar a safra não acompanha o mesmo ritmo.
Nas lavouras de soja, a produção promete ser uma das melhores dos últimos anos. O grão vai direto para as cooperativas, onde é preciso gente para fazer a carga, descarga e classificação. Apenas em uma delas, 170 vagas temporárias foram abertas. “Até o mês de maio teremos um aumento de 30% no quadro de funcionários”, disse Ivan Dietrich, gerente da cooperativa.
Em outra cerealista o cenário é o mesmo. O número de vagas este ano é 25% maior que a safra passada. A dificuldade tem sido encontrar mão de obra. Das 100 vagas, 40 ainda não foram preenchidas. “No período de safra não tem sábado, não tem domingo e trabalhamos até tarde da noite”, explicou Andreia Teixeira, supervisora de desenvolvimento.
Outro problema é o gargalo para escoar a produção. O aumento na produção da soja e a coincidência da colheita em outros estados fizeram crescer a procura por transporte. Com menos caminhões disponíveis, o preço do frete subiu 15% em um ano. Hoje, a tonelada custa R$ 55.
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A transportadora de Júlio Ferreira, em Cruz Alta, noroeste do Rio Grande do Sul, embarca 150 carretas com grãos por dia com destino ao Porto de Rio Grande, também no estado gaúcho. Mas a frota é insuficiente para dar conta da demanda.
Na tentativa de driblar a precariedade da infraestrutura, Vitor Marasca adquiriu 15 veículos. Mesmo assim terá que continuar terceirizando o serviço. O impacto aparece no bolso. Em média, de cada 10 sacas de soja, uma é consumida pelo frete. A saída seria o transporte ferroviário, que historicamente custava 10% a menos, só que o número de vagões é limitado e o preço agora equivale ao do rodoviário. “Todo ano nós temos o mesmo problema. No início da safra some o transporte ferroviário e o rodoviário tem que assumir a responsabilidade e fazer o trajeto até Rio Grande, o que, além de mais demorado, é muito mais caro”.
Segundo a América Latina Logística, responsável pelo transporte ferroviário, a empresa trabalha com 350 vagões por dia, o que seria a capacidade do Porto de Rio Grande. Já o superintendente do Porto, Dirceu Lopes, diz que há espaço suficiente para receber até o dobro do número de vagões que hoje chegam ao local.
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