A taxa de investimentos no Brasil precisa alcançar patamares maiores, de até 24% do Produto Interno Bruto (PIB), para que o país atinja crescimento sustentável de 5% a 6% ao ano, próximo de concorrentes diretos como China e Índia.
O cálculo foi apresentado nesta segunda-feira (31/08) pelo presidente da Siemens do Brasil, Adilson Primo, que participou do painel Infraestrutura do Encontro Econômico Brasil-Alemanha, que a Confederação Nacional da Indústria (CNI) e sua congênere alemã, BDI, promovem em Vitória, no Espírito Santo.
Segundo números do IBGE referentes ao primeiro trimestre de 2009, a taxa de investimentos brasileira está em 16,6% do PIB após a forte queda (12,6%) verificada na formação bruta de capital fixo no início deste ano.
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PAC
Segundo Primo, o aporte em infraestrutura, especialmente na área de energia, precisa acompanhar a evolução da demanda, que aumentará com o crescimento do PIB brasileiro. “Se o Brasil crescer de 5% a 6% ao ano, nós precisaríamos de uma Usina Belo Monte por ano para atender à demanda por energia”, disse.
Incluída no Plano de Aceleração do Crescimento (PAC), a Usina de Belo Monte, no Rio Xingu, terá mais de 11 mil megawatts de capacidade instalada.
O PAC foi tema da apresentação de Maurício Muniz Barreto de Carvalho, conselheiro de Articulação e Coordenação da Casa Civil, que falou sobre as oportunidades de concessões públicas a empresários brasileiros e alemães. “São participações em concessões rodoviárias, aeroportuárias e ferroviárias, como a ferrovia Norte-Sul, a ferrovia de integração Oeste-Leste e o trem de alta velocidade”, assinalou.
Experiência alemã
O trem-bala interessa aos alemães, que manifestaram disposição em participar da concessão durante reunião no domingo com o ministro do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior, Miguel Jorge. O chefe da pasta integra a comissão de ministros que analisa a instalação deste modelo, inédito no Brasil.
Dois projetos devem disputar a licitação da exploração do sistema de trens de alta velocidade que vai ligar as cidades do Rio de Janeiro, São Paulo e Campinas. “O primeiro projeto considera uma solução tradicional: rodas sobre trilhos. O segundo usa a tecnologia de levitação magnética”, explicou o ministro da Economia e Tecnologia da Alemanha, Karl-Theodor zu Guttenberg.
Wolfgang Pelousek, chefe de Projetos de Desenvolvimento em Logística da Deutsche Bahn, afirma que a estatal alemã tem interesse em concorrer à concessão da linha do trem-bala brasileiro. “Um dos melhores produtos em operação na Alemanha e na Europa é o ICE, nosso trem de alta velocidade. Queremos exportar essa tecnologia para o Brasil”, afirma.
Corredor de transporte
A escolha do eixo Rio-São Paulo-Campinas para o trem-bala tem uma razão socioeconômica. Fica na região o mais importante corredor de transporte do país, que concentra 33% do PIB e 20% da população. O ministro Miguel Jorge disse que o processo de licitação deverá ser aberto nos próximos meses.
Além dos alemães, também brasileiros, japoneses, coreanos, italianos e espanhóis já mostraram interesse em participar da licitação do trem-bala.
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