A tarifa do monotrilho de Kuala Lumpur custa o equivalente a R$ 0,60, a mais barata, e R$ 1,05, a mais cara, com um preço intermediário de R$ 0,80. O bilhete mais barato dá direito ao usuário, a partir da estação central (são 11 estações), viajar até duas estações. Do mesmo ponto central, a viagem até a terceira ou quarta parada, custa R$ 0,80 e para a última estação, o bilhete tem o valor mais alto (R$ 1,05).
A previsão do Governo do Amazonas no fim de 2010 era de uma tarifa de R$ 2,50 para os usuários exclusivos do monotrilho e de R$ 3,50 para os usuários do Passa Fácil (monotrilho e ônibus), com repasse de R$ 1,70 para o monotrilho.
Para os padrões de Manaus, a tarifa do monotrilho malaio é irrisória. A informação mais surpreendente, no entanto, é de que não há subsídio para custear a manutenção do sistema. “A tarifa paga todos os custos de manutenção”, disse o chefe de operações da linha de monotrilho de Kuala Lumpur, Abdul Hadi Amran. Nesse valor não está incluído o custo da construção do sistema e não sobra dinheiro para ampliação, mas é uma estratégia do governo de manter o transporte acessível à população.
A empresa pública que administra o monotrilho já tem aprovado um projeto de ampliação dos carros para dobrar a capacidade, mas o serviço vai ser custeado pelo governo. Serão R$ 250 milhões para substituir os 12 antigos trens de dois vagões por modelos mais modernos, com quatro vagões cada um. A própria Scomi foi contratada para fornecer os novos trens. Há também um estudo da administração do monotrilho para expandir o sistema em mais oito quilômetros, mas essa proposta ainda precisará de aprovação do governo e da comissão federal encarregada de apresentar propostas de melhoria do transporte da Grande Kuala Lumpur.
Para Abdul Hadi Amran, o que fatalmente vai encarecer a tarifa do monotrilho é a integração de bilhetes com o sistema de trens de subúrbio e do VLT (trem leve sobre trilhos), que representam 87% do transporte por trilhos em Kuala Lumpur. Estudos que estão sendo feitos pelo governo vão definir os novos valores da tarifa, mas não deve chegar ao patamar do que se paga hoje em Manaus no sistema de transporte coletivo por ônibus.
Apesar da tarifa relativamente baixa para os padrões brasileiros, o monotrilho de Kuala Lumpur fatura o equivalente a R$ 18,5 milhões (37 milhões de ringgt, a moeda local) por mês. O número de passageiros do monotrilho é de 57,5 mil passageiros por dia.
No sistema integral (incluindo as duas linhas de VLT e duas de trens suburbanos) viajam 464,5 mil passageiros por dia e não por mês, como foi divulgado.
É com esses R$ 18,5 milhões que a empresa pública controladora do monotrilho mantém o sistema de operações automatizado, a vigilância por câmeras, a segurança nas estações, os motoristas (Manaus não terá motoristas por opção do governo), o sistema de bilhetagem e o centro de manutenção dos carros, além de toda a estrutura administrativa do monotrilho.
Para o Amazonas, o governo criou, na gestão do ex-governador Eduardo Braga, uma empresa público-privada, denominada Companhia de Transporte Metropolitano, com o objetivo de gerir o sistema. A diferença entre a realidade de Kuala Lumpur e de Manaus é que na Malásia, o sistema visa servir a população sem esperar lucro. A questão que o governo precisa responder é: o monotrilho terá uma tarifa acessível?
Prazos
Os prazos para a construção do monotrilho de Manaus e São Paulo são a principal preocupação dos consórcios que aguardam a definição das licitações públicas. Pela proposta inicial do Governo do Amazonas, já há um atraso de um ano para o início das obras em Manaus visando a Copa de 2014. Essa preocupação se justifica pelo tempo de construção dos trens.
De acordo com engenheiros da Scomi Engineering, em apresentação feita na fábrica de vagões e ônibus, ao norte da Malásia, na sexta-feira, a produção de cada módulo dura 12 semanas. Isso significa que no ritmo de trabalho atual a empresa poderia produzir 100 carros por ano. Só para Manaus serão necessários 72 em circulação e pelo menos mais oito para manutenção. Em dois anos, só seria possível atender a demanda de São Paulo e Manaus se a fábrica criasse novos turnos de trabalho. Como a empresa pretende montar os trens no Brasil, ainda precisaria de mais tempo para montar a estrutura física.
Fonte: Portal D24 – Manaus
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