Goiás aposta no fortalecimento das relações comerciais com a China. E se prepara para um novo estágio de desenvolvimento, a partir da conclusão das obras da Norte-Sul. A afirmação foi feita pelo governador Marconi Perillo na última segunda-feira, 16, durante explanação das potencialidades goianas a empresários chineses. O encontro aconteceu em Brasília, a convite da Confederação Nacional da Indústria (CNI) para o Encontro Empresarial Brasil-China.
Na presença de investidores chineses, o ministro do Desenvolvimento, Indústria e Comércio, Fernando Pimentel, elogiou o trabalho desenvolvido por Marconi Perillo e garantiu que o governador e a presidente Dilma estão empenhados em fortalecer as relações econômicas com o país asiático.
Ao final do encontro, Marconi foi recebido pelo ministro da Indústria e Comércio da China, Chen Deming, na sala de reuniões da presidência da CNI. Além da comitiva de empresários chineses, participaram da reunião o presidente da Federação das Indústrias do Estado de Goiás (Fieg), Pedro Alves, e o chefe da Assessoria para Assuntos Internacionais do governo goiano, Elie Chidiac.
O ministro chinês fez vários questionamentos a Marconi Perillo a respeito das potencialidades econômicas de Goiás e demonstrou o interesse dos chineses em consolidar investimentos no Estado, diversificando a matriz de importação de produtos brasileiros, hoje baseada em petróleo, soja e minério de ferro. Chen Deming também questionou Marconi a respeito da Ferrovia Norte-Sul.
Elie Chidiac reiterou que o Estado vai receber investimento para o plantio e a comercialização de soja. “Sabemos que a China precisa de alimentos. Nós somos grandes fornecedores e essa necessidade pode fazer com que nossa produção seja duplicada, mas de forma sustentável. Além de beneficiar nossa economia, essa parceria atua também como grande polo empregador.” Elie destaca que ao longo de 12 anos de negociações e parcerias, Goiás passou de um Estado inerte, para um colhedor de frutos. “Hoje, somos referência. Estamos sendo reconhecidos nacionalmente e internacionalmente pela ousadia de investir em novas tecnologias e produção sustentável. Isso gerou credibilidade e confiança por parte dos chineses.”
Localização estratégica
Na reunião com empresários chineses, o governador apresentou o mapa do Estado a Chen Deming para mostrar a posição geográfica estratégica de Goiás, devido à proximidade de Brasília e dos grandes centros econômicos do País. O chinês indagou o governador sobre a distância de Goiânia a Brasília, o ciclo de chuvas no Estado e a questão da carga tributária. Marconi respondeu a cada uma das perguntas e ressaltou que Goiás, por se tratar de um “Estado emergente”, tem uma política agressiva em relação aos incentivos fiscais. Segundo Chidiac, a localização de Goiás é privilegiada e isso abre uma vantagem comparativa e competitiva para Goiás em relação a outros Estados.
O ministro Chen Deming convidou oficialmente o governador a visitar a China e Marconi se comprometeu em encaminhar dados oficiais da economia goiana ao governo chinês, dando sequência ao trabalho da missão comercial goiana que recentemente esteve naquele País, por ocasião da visita da presidente Dilma Rousseff.
Marconi Perillo garantiu ainda ao ministro chinês que está no seu plano de governo a criação de um polo tecnológico no Estado. Segundo Elie, esse polo é a possível instalação de um parque tecnológico chinês no Brasil. Ele afirmou que na reunião, Marconi demonstrou interesse em trazê-lo para o Estado de Goiás. “Esse parque vai fornecer uma evolução na área tecnológica, colocando mais uma vez o Estado de Goiás à frente de todos os outros.” Apesar de não estar definido qual será o Estado que receberá esse investimento, Elie se diz confiante, já que Marconi Perillo foi o único governador convidado para o encerramento do fórum empresarial com os chineses. Ainda na reunião, Marconi também ressaltou que grandes empresas mundiais estão se instalando em Goiás, como a Mitsubishi, Hyundai e Suzuki.
O ministro da Indústria e Comércio da China, Chen Deming, parabenizou o governo de Goiás pela iniciativa ousada de defender o Estado e procurar parceria para atrair investimentos nacionais e internacionais. Elie destacou ainda que o encontro foi produtivo e que Goiás é cada vez mais referência para o Brasil.
Protocolo de intenções firmado entre o secretário de Agricultura de Goiás, Antônio Flávio Camilo de Lima, e o secretário de Agricultura da Província de Hebei, na China, Zhao Guo Ling, na segunda quinzena de abril, prevê a aplicação de investimentos da ordem US$ 7 bilhões para Goiás e incremento na produção de soja que poderá chegar a 6 milhões de toneladas/ano para exportação ao longo de um período de 7 a 10 anos.
O acordo visa incrementar o abastecimento do mercado chinês em sua necessidade por alimentos e o desenvolvimento em Goiás de áreas degradadas, nas regiões Norte e Nordeste do Estado, por meio de uma produção sustentável.
Segundo Antônio Flávio, a negociação significa a médio e longo prazo a duplicação na produção de soja. “Significa também incorporar novas áreas que não estão sendo utilizadas na produção mais intensiva, áreas de pastagens degradadas, sem reduzir a produção de carne. Vamos continuar sendo um Estado produtor de carne, a pecuária vai continuar crescendo, isso porque nós temos tecnologia de integração lavoura-pecuária, o que vai permitir incorporar regiões que hoje não são produtoras de soja, e vai agregar renda a essas regiões.”
Em função desse acordo, destaca Antônio, a produção de soja deve aumentar nos 5 primeiros anos em mais de 1 milhão e 200 mil toneladas, podendo chegar a mais de 6 milhões nos próximos 10 anos. Ele explica que os investimentos chineses serão aplicados logo que houver sucesso nas relações entre os chineses e os produtores rurais goianos. “Teremos investimentos da ordem de US$ 2 bilhões, isso para os próximos 5 anos, e em médio e longo prazo, poderemos chegar a 7 bilhões de dólares em 10 anos.”
O secretário diz que o Estado possui logística para suprir as exigências da negociação. “O Estado dispõe de terras, de produtores capacitados, de condições e ambiente favoráveis. Porém, nós teremos que trabalhar a questão de estradas e infraestrutura, mas com a Ferrovia Norte-Sul seguramente ficará mais fácil, acredito que não teremos problemas.”
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