Dilma implacável

“Sairão todos os integrantes do Dnit e da Valec”, disse nesta sexta-feira (22) a presidente Dilma Rousseff, referindo-se aos dirigentes que comandam essas duas instituições.


O Dnit (Departamento Nacional de Infraestrutura em Transportes) e a Valec, estatal do setor de ferrovias, estão no centro da crise provocada por suspeitas de corrupção que derrubou toda a cúpula no Ministério dos Transportes neste mês.


O Dnit tem seis diretores. A Valec, três. A presidente afirmou que as demissões ocorrerão “independentes” dos “endereços partidários” de cada um. Ou seja, não haverá proteção de algum diretor por causa de uma indicação política. Mas Dilma fez uma ressalva: “Não tem uma análise de valor sobre eles.” A ideia de Dilma é fazer uma reestruturação do setor de transportes. Daí disse ter entendido ser necessário trocar todos os diretores do Dnit e da Valec. A informação foi dada ontem durante uma conversa no Palácio do Planalto com repórteres de cinco publicações da mídia impressa, incluindo a Folha. O encontro com os jornalistas durou cerca de uma hora e meia. Não foi permitido tirar fotos nem gravar, mas apenas tomar notas por escrito.


Os nomes de novos diretores de órgãos públicos que dependem de aprovação do Senado serão enviados para o Congresso na primeira semana de agosto, quando termina o recesso do Poder Legislativo.


Dilma disse ser errado usar a palavra “faxina” para descrever o que se passa no setor público de transportes. Afirmou que o ideal seria apenas “afastar para apurar” uma parte dos que estão sendo demitidos. Essa opção foi inviável pois não há a “figura jurídica do afastamento” para determinados cargos públicos.


Apesar de estar promovendo todas as mudanças, na conversa de ontem a presidente disse mais de uma vez que “não se pode demonizar a política”. Referia-se de maneira indireta ao PR (Partido da República), principal responsável pelas indicações de pessoas no Ministério dos Transportes.


Ela também falou sobre os pedidos recorrentes que o Planalto recebe de liberação de verbas do Orçamento. “O deputado tem o direito de ter recursos para investir na sua base. Essa é uma relação da democracia. Não tem nada de errado”, declarou. “É do jogo que o deputado peça. E é do jogo que o governo diga sim ou não”.


Para Dilma, a relação do governo com sua base de apoio no Congresso “está muito boa” e “muito madura”. Ainda assim, “isso não significa que votem tudo o que o governo quer”.

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