Depois de 20 anos sem investimentos, o setor ferroviário enfrenta um desafio para crescer no país: a lacuna de mão de obra qualificada.
Sem profissionais com graduação em engenharia ferroviária -não há curso superior na área no Brasil-, a solução encontrada por empresas é oferecer especialização em ferrovias para engenheiros de qualquer área.
É o caso de Sandro Rossi, 35, engenheiro químico que entrou na Vale em 2005 e cursou o Programa Especialização Profissional em Ferrovia (www.vale.com).
“A minha carreira teve um impulso grande após essa especialização”, afirma Rossi, que hoje é gerente de operações ferroviárias do Porto de Tubarão, em Vitória (ES).
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Segundo o Plano Nacional de Logística e Transportes, elaborado pelo governo federal, a expectativa é que entre 2012 e 2015 os investimentos em ferrovias sejam 57% maiores se comparados aos do período de 2008 a 2011.
“A tendência é que o setor cresça cada vez mais e acima do PIB, porque trata-se de um transporte mais barato e menos poluente”, assinala o presidente da Abifer (Associação Brasileira da Indústria Ferroviária), Vicente Abate.
De olho nas oportunidades dessa expansão, o engenheiro elétrico Rodrigo Rezende, 23, ingressou no Programa de Engenheiros da empresa ALL (América Latina Logística; www.all-logistica.com).
“O trabalho na ferrovia é dinâmico e desafiador”, conta o mineiro, que está no posto de manutenção de ferrovias de Curitiba (PR). O engenheiro civil Luciano Johnsson Neves, 29, que participou da primeira turma do programa da ALL, em 2006, concorda. Hoje ele é gerente de operações métricas em Araraquara (SP) e garante que o setor reserva boas opções em diversas áreas -entre elas a de infraestrutura.
“O programa foi importante para minha ascensão.”
A procura por especialização em ferrovias nas empresas tem aumentado. No primeiro ano do curso oferecido pela ALL, em 2006, foram 1.500 inscritos. Em 2010, mais de 5.000.
“Contratamos, em média, 30 pessoas por ano, mas precisaríamos de ao menos 50% a mais”, diz Rodrigo Paupitz, gerente de gente da ALL. Para a gerente-geral de educação da Vale, Desiê Ribeiro, o profissional da área deve ter, além de competências técnicas, “capacidade de inovar” e flexibilidade.
“Trabalhar nesse setor requer que o profissional entenda cada área envolvida, por se tratar de um sistema interdependente. Absorver essa noção é complexo”, pondera o professor especialista em ferrovias da Universidade de São Paulo Telmo Porto.
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