Lançado em abril de 2009, o Expresso Turístico da Companhia Paulista de Trens Metropolitanos (CPTM) não consegue dar conta da quantidade de passageiros interessados em viajar para seus três destinos – Paranapiacaba, Jundiaí e Mogi das Cruzes. Falta frota e problemas operacionais impedem a expansão.
Só uma locomotiva Alco RS-3, de 1952, e dois vagões de aço inoxidável, fabricados nos anos 60, com 174 poltronas no total, fazem o transporte de passageiros, alternando-se entre os três destinos. Para Jundiaí, mesmo com número maior de viagens, há poucas vagas disponíveis para julho e o turista só encontra “folga” a partir do fim de agosto. Para Mogi das Cruzes, viagem menos procurada, ainda restavam na sexta-feira apenas 11 poltronas para o próximo domingo.
O principal gargalo do Expresso Turístico é a viagem para Paranapiacaba. As quatro previstas para junho e julho estão esgotadas há pelo menos três meses. E, no dia 17, todos os bilhetes para o passeio de 21 de agosto, o único do mês, foram vendidos em menos de seis horas.
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Agora, os interessados em viajar no expresso para a vila histórica encravada na Serra do Mar, de onde se avista o litoral nos dias de céu claro, serão obrigados a esperar pelo menos até setembro para tentar o embarque. Isso se estiverem atentos às datas de liberação dos passeios na página da CPTM na internet e se contarem com a sorte de chegar a tempo na bilheteria da Estação da Luz, onde são vendidos os bilhetes e de onde parte o trem.
Na bilheteria, a passagem custa R$ 30 para quem sai de São Paulo (o turista que embarca em Santo André paga R$ 27 e há descontos progressivos para quem compra mais de um lugar). O mesmo guichê abastece também a agência de turismo oficial do passeio, que, tão logo iniciadas as vendas, compra bilhetes para clientes previamente cadastrados em uma lista de espera, diminuindo a oferta para o público em geral. Os clientes da operadora desembolsam em média R$ 70 pela viagem até Paranapiacaba (a diferença equivale ao bilhete mais o serviço de guia, almoço e seguro-viagem, dependendo do roteiro escolhido).
Dificuldade. Depois de checar na internet a disponibilidade da viagem para agosto, o biomédico César da Silva Santos, de 32 anos, foi na sexta-feira ao guichê da CPTM na Luz para confirmar a compra. Chegando lá, foi surpreendido com a informação de que as passagens para Paranapiacaba tinham se esgotado rapidamente, ainda pela manhã. “É complicado, porque você acaba direcionado para a agência de turismo. E aí sai bem mais caro.”
Nem mesmo a agência é garantia de embarque imediato. Sem conseguir bilhetes no guichê, o corretor de seguros André Xavier de Miranda, de 37 anos, procurou a operadora de turismo para comprar oito passagens para a família. Só conseguiu duas, mesmo assim porque houve uma desistência. “Deixamos nome e telefone e a funcionária da agência ligou dizendo que uma pessoa havia desistido, porque a mulher morreu. Daí sobraram duas poltronas. Aproveitamos que foi no Dia dos Namorados e viajamos eu e a minha mulher. Em outra oportunidade, voltaremos com o restante da família.”
O corretor diz também que é preciso aumentar o número de viagens para que mais pessoas possam viajar. Ele também pede que outras agências ofereçam os pacotes para aumentar a concorrência e diminuir os preços.
O administrador de empresas Rafael Cerantola Martins, de 34 anos, fez o passeio com a namorada. Ele diz que é preciso avaliar até que ponto a expansão do número de vagas no trem não vai prejudicar o atendimento ao turista na vila. “É preciso saber se a própria cidade comporta tudo isso. Talvez a gente queira mais por uma questão egoísta, mas é possível que não exista estrutura suficiente por lá para receber todo mundo.”
A veterinária Cristiane Yoshida, de 42 anos, conseguiu viajar com o marido, depois de bastante insistência. Mesmo assim, só pela agência de turismo. “Só se vende na Luz e muita gente acaba desistindo. Acho que eles poderiam oferecer um número maior de viagens e outras formas de adquirir os bilhetes.”
Grupos. As excursões também concorrem com o passageiro comum, porque não há limite no número de bilhetes por pessoa.
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