O Tribunal de Contas da União (TCU) mandou suspender a licitação para a construção de uma das principais ferrovias do país. Também nesta quarta-feira (27), o diretor de Infraestrutura Ferroviária do Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes (DNIT), Geraldo Lourenço, pediu exoneração do cargo. Foi a 19ª demissão desde que começou a crise no Ministério dos Transportes, no início do mês.
O superintendente do DNIT em Mato Grosso, Nilton Brito, foi o primeiro a cair depois das denúncias de irregularidades no Ministério dos Transportes. Ele entregou a carta de demissão no início da semana. O irmão dele tem uma empresa que mantém contratos de R$ 20 milhões com o DNIT. Nilton era homem de confiança de Luiz Antônio Pagot, ex-diretor-geral do DNIT.
A dança das cadeiras nas superintendências deve se acelerar na semana que vem. A ordem da presidente Dilma Rousseff é reduzir a influência dos partidos na indicação dos 23 superintendentes. Entre eles, estão os do Amazonas, Alagoas, Mato Grosso do Sul e São Paulo, ligados ao PR. As mudanças devem atingir também os superintendentes de Santa Catarina e do Rio Grande do Sul, ligados ao PT.
A reestruturação no Ministério dos Transportes deve incluir ainda a Valec, a estatal que cuida das ferrovias brasileiras. Nesta quarta-feira (27), o Tribunal de Contas da União mandou suspender a licitação e qualquer trabalho de planejamento para a construção da ferrovia de integração Centro-Oeste. Os ministros do TCU encontraram muitas irregularidades na obra.
“Quando o projeto é mal feito, há serviços adicionais que não estavam previstos. A alteração no projeto inicial, que vai gerando termos aditivos e sempre, quando acontece isso, o risco de superfaturamento e prejuízo aos cofres públicos é enorme”, explica o ministro do TCU Marcos Bemquerer.
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Na avaliação do TCU, o ex-presidente da Valec, José Francisco das Neves, conhecido como Juquinha, cometeu ato de improbidade administrativa. Reportagem do Jornal Nacional da semana passada mostrou que Juquinha comprou três fazendas em Goiás com uma área total de 5,5 mil hectares.
A compra foi realizada apenas dois meses depois de o governo anunciar a construção da Ferrovia Centro-Oeste, que vai passar pela área e cujo projeto é elaborado pela Valec. As terras na região valorizaram 60% só com o anúncio da construção da ferrovia.
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