As construtoras chinesas colocam o Brasil como a nova prioridade, depois de promoverem um verdadeiro safári pela África. As empresas do setor na China não escondem que já estão negociando a aquisição de construtoras nacionais, fechando contratos de obras em todo o País e colocam como prioridade política a obra do trem bala entre São Paulo e Rio. “Estamos negociando com o governo esse contrato e estamos avançados”, disse Chunhe Diao, presidente da Associação de Construtoras Internacionais da China.
A empresa que quer fechar o contrato com o governo brasileiro, a China Communication Construction Company (CCCC), também declarou ontem em Genebra seu interesse em sair vencedora no leilão.
Com 2 mil empresas chinesas de construção registradas para atuar pelo mundo, Pequim estima que em 2011 fechará contratos de infraestrutura em 80 países, no valor de mais de US$ 150 bilhões. No ano passado, foram fechados acordos no valor de US$ 130 bilhões.
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O setor da construção chinesa pelo mundo movimenta US$ 445 bilhões. Mas 80% dos negócios estão na África, Ásia, com especial atenção na Nigéria, Irã e Arábia Saudita. Para jornalistas brasileiro, Diao revelou que o “próximo passo” das empresas de construção da China é mesmo a América Latina, não apenas na construção civil, mas também em consultorias em engenharia, portos e aeroportos e obras de transporte. “O Brasil é um mercado chave para o futuro e é onde queremos explorar novos negócios”, disse. “Temos projetos em usinas de energia, estradas, rodovias e no setor imobiliário.”
Trem-bala
Diao não esconde que uma das prioridades é conquistar o contrato para a construção do primeiro trem bala no Brasil, entre São Paulo e Rio. “Não posso comentar detalhes, mas posso confirmar que estamos em discussão para a construção dessa obra”, disse o executivo.
O tema já foi alvo de negociações entre o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva e a cúpula chinesa. Para Pequim, a aposta no Brasil é vista como uma ocasião de garantir um “showroom” para vender os mesmos trens para outros mercados, principalmente em outros países emergentes. Qitao Liu, presidente da CCCC, confirmou também que o projeto é uma de suas prioridades. “Estamos interessados”, declarou. Mas explicou que a decisão será tomada nas mais altas instâncias políticas.
Em abril, a CCCC teria enviado uma carta ao governo brasileiro com o compromisso de que 85% do financiamento da obra viria da China. Mas insiste que parte precisa ser garantido pelo governo brasileiro, o que não está nas regras do leilão.
Os chineses não estão dispostos a apenas disputar licitações com empresas brasileiras. Diao acredita que esse será a melhor forma de se “familiarizar” com o mercado brasileiro. A estratégia é a de comprar construtoras brasileiras de menor porte, usando-as como porta de entrada para o País. Diao também nega que usará apenas trabalhadores chineses nas obras no Brasil e garante que a vantagem das empresas não é apresentar projetos “low cost”. “Temos tecnologia de ponta”, disse. Segundo ele, há um compromisso das construtoras de usar trabalhadores locais nos contratos.
Changqi Wu, diretor executivo da Escola de Negócios da Universidade de Pequim, aponta que, de fato, a possibilidade de o Brasil se transformar em um dos principais destinos das construtoras chinesas é grande. “O potencial é enorme no setor de infraestrutura”, contou.
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