Mais de nove mil pessoas circularam pelo pavilhão de 27 mil m2 da Railway Interchange 2011, a maior feira metroferroviária dos EUA, que se realizou este ano em Minneapolis, entre os dias 18 e 20 de setembro. Encerrada na terça-feira, o evento reuniu cerca de 700 expositores de equipamentos e serviços voltados para as áreas de manutenção, tecnologia, sinalização e comunicação ferroviárias.
Segundo Charles Emely, CEO da American Railway Engineering and Maintenance-of-Way Association (Arema), uma das responsáveis pela promoção da feira, a estimativa original era de cinco mil visitantes. Emely atribui o sucesso da edição deste ano ao fato de ter sido a primeira vez que as quatro principais entidades do transporte ferroviário norte-americano estiveram reunidas no mesmo evento: Railway Engineering-Maintenance Suppliers Association (Remsa), Railway Supply Institute (RSI) e Railway Systems Suppliers Inc. (RRSI), além da própria Arema.
Paralelamente às exposições, foram realizados seminários temáticos. No seminário realizado pelo Brasil, a apresentação mais concorrida foi a do Ministério dos Transportes. De acordo com o secretário de Política Nacional dos Transportes, Marcelo Perrupato, os planos da pasta são baseados em ensaios macroeconômicos, que consideram a evolução de índices como produção, tonelagem, PIB, crescimento populacional e fluxos migratórios. O Plano Nacional de Logística e Transportes (PNLT) é produto desta metodologia criteriosa.
O PNLT prevê a construção de mais de doze mil quilômetros de malha ferroviária no Brasil até 2025. O problema é que, dos cerca de US$ 20 bilhões necessários para a concretização do Plano, o Ministério dispõe apenas da metade. O ideal é que os US$ 10 bilhões restantes sejam captados por meio de parcerias-público privadas (PPPs), daí a importância da participação brasileira em feiras internacionais como a Railway Interchange.
“Temos um mercado cheio de oportunidades para investidores estrangeiros. O Brasil é um país favorável para investimentos: já passou por duas crises econômicas mundiais e não se abalou. É um país sólido, seguro, com uma legislação também segura: os fatores mais preocupantes para os investidores”, explica Perrupato.
A participação brasileira
Pela primeira vez o Brasil contou com um estande na feira, uma estrutura de 100 m2 viabilizada pelo Ministério das Relações Exteriores. Mais de 60 representantes da indústria metroferroviária nacional, entidades de governo e concessionárias se reuniram no pavilhão brasileiro para fazer contatos, estreitar relacionamentos e prospectar novos negócios.
Amsted Maxion
Entre as empresas brasileiras presentes, estava a Amsted Maxion, líder na produção de vagões de carga na América do Sul. Até o final de 2011, serão produzidos 3.525 vagões completos e 1.200 caixas de vagões Hopper.
“A feira é uma oportunidade muito boa para encontrarmos clientes e parceiros, atuais e potenciais. Ao mesmo tempo, temos condições de mostrar toda a tecnologia do grupo Amsted norte-americano, que faz parte de todos os nossos projetos e produtos. Isto nos permite estar sempre um passo à frente da concorrência e manter a liderança”, afirma o presidente, Ricardo Chuahy.
Retesp
A Retesp, fabricante de artefatos de borracha, como vedações para vagões e amortecedores de impacto, também marcou presença na feira. De acordo com o diretor comercial da empresa, Dejair de Aguiar, uma das principais inovações apresentadas foi o PAD, uma espécie de amortecedor, fixado entre o adaptador e a lateral do truck do vagão. O produto reduz em até 35% dos desgastes de roda, aumentando a vida útil do material rodante.
Para Aguiar, a Railway Interchange serviu para estreitar o relacionamento com empresas parceiras e aumentar a carteira de clientes no mercado internacional. “A feira está sendo muito positiva. Tiveram diversas reuniões com empresas, com a grande possibilidade de estabelecer parcerias”, justifica.
Eagle Business Development
A Eagle Business Development fornece soluções inovadoras para a indústria ferrovária, como produtos para controle de vibração e ruído, tecnologia RFID para gestão de vida útil de ativos e recondicionamento de rolamentos. A empresa esteve presente no pavilhão brasileiro para saber o que há de mais novo no mercado ferroviário, realizar networking e prospectar novos investidores.
De acordo com a diretora-geral, Cristina Naegele, a feira superou suas expectativas. “Este é o momento do Brasil. Há muita gente interessada em investir no país. E esse interesse não se restringe apenas à área ferroviária, mas sim a todos os segmentos”, enfatiza Cristina.
Conprem
A Conprem é líder da América do Sul na produção de dormentes de concreto para ferrovias e única fabricante de dormentes para Aparelhos de Mudança de Via (AMVs).
Companhia Brasileira de Ferro e Aço (CBFA)
Fabricante de eixos ferroviários para vagões de carga, locomotivas e carros de passageiros, a CBFA tem como clientes grandes operadoras logísticas, como MRS e ALL, além de fabricantes de vagões como Amsted Maxion e CAF. A companhia tem uma capacidade instalada para produção de 22 mil eixos por ano e se considera pronta para atender à demanda do mercado nacional.
Segundo o diretor-geral da CBFA, Dennis Ramos, a feira foi uma oportunidade única de encontrar os principais players do setor ferroviário brasileiro, todos reunidos no mesmo local. A área de manutenção em geral foi a que mais chamou a atenção de Ramos, tanto pela quantidade quanto pela qualidade dos serviços oferecidos.
Goldschmidt-Thermit Group
Apesar de ter um estande próprio na feira, a Goldschmidt-Thermit Group, desenvolvedora produtos e serviços para a construção, o reparo e a manutenção de sistemas de ferrovias, manteve-se próxima aos demais representantes nacionais.
“É no pavilhão brasileiro o melhor lugar para encontrar os clientes e os fornecedores. Esse é o melhor meeting point da feira”, ressalta o diretor-geral da empresa, Robinson Gedra.
A Goldschmidt-Thermit destacou-se por desenvolver e aprimorar o processo de solda aluminotérmica, o que a levou a ser de líder de mercado. Gedra explica que a solda promove uma junção mais resistente dos trilhos, permitindo a circulação de trens e locomotivas com maior tonelagem por eixo e promovendo um aumento da velocidade média das composições.
Cavan
A Cavan atua há 70 anos no mercado de pré-moldados, desenvolvendo postes e dormentes de concreto. Segundo o diretor de desenvolvimento de negócios, José Roberto da Silva, a presença na feira foi importante, pois a empresa busca ampliar ainda mais a gama de produtos e serviços oferecidos ao setor ferroviário.
Silva revela que a Cavan fechou contrato com a Valec, empresa governamental responsável pelo gerenciamento da construção de 115 quilômetros da Ferrovia Oeste-Leste (FIOL). O executivo ressalta ainda que a Cavan firmou recentemente uma importante parceria com a Rocla, maior fabricante de dormentes de concreto dos EUA.
Concessionárias de ferrovias
FTC
A Ferrovia Tereza Cristina (FTC), operadora da malha ferroviária no sul de Santa Catarina, também deixou sua marca na Railway Interchange.
“Em função da dimensão atual dos nossos negócios e as expectativas de oportunidades ainda maiores, é fundamental acompanhar as evoluções tecnológicas”, explica o gerente da Divisão Manutenção da FTC, Abel Passagnolo Sérgio.
Além de ser responsável pelo trecho Imbituba a Criciúma, a concessionária possui outras duas empresas no setor ferroviário: a Transferro Operadora Multimodal, focada em operações de pátios ferroviários, indústrias e termelétricas, e a Locofer, especializada na recuperação e locação de locomotivas e vagões. Hoje as duas empresas atuam em conjunto, no
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