A Associação Brasileira da Indústria Ferroviária (ABIFER) comemora as boas notícias que não param de chegar. “Após duas décadas de abandono, o setor ferroviário ressurge para ocupar um lugar de destaque na matriz brasileira de transportes”, disse o presidente da entidade, Vicente Abate.
Ele lembrou que houve um abandono geral de investimentos para o setor. Na década de 70 eram aplicados 2% do PIB, até cair para 0,2% no final do século passado. “Hoje estamos em 1% do PIB, o que é muito pouco. Basta ver China e índia, que investem de 4% a 6%”, exemplificou. “Por isso, torna-se imprescindível retomar o patamar de 2%, no mínimo”, disse.
O presidente ressaltou que o Plano Nacional de Logística e Transportes (PNLT) – gerado e administrado pelo Ministério dos Transportes – projetou investimentos de R$ 428 bi nos próximos 15 anos, sendo a parcela destinada ao ferroviário de R$ 202 bilhões. Com isso, objetiva-se equilibrar a matriz de carga, com a participação mínima de 35% do setor ferroviário em 2025.
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Dos projetos de expansão da malha ferroviária, com investimentos do governo e da iniciativa privada, Abate destacou a continuação da Ferrovia Norte-Sul, a Fiol – Ferrovia de Integração Oeste Leste, a Nova Transnordestina, a continuação da Ferronorte, bem como outros projetos que totalizam cerca de 12 mil km de novas ferrovias de carga, prevendo-se chegar em 2020 a uma malha de 41 mil km, para então atingir os 50 mil km em 2025.
“Paralelamente, há planos do governo federal de implementar os trens regionais em trechos não utilizados hoje para o transporte de carga, que serão revitalizados . Também o governo de São Paulo tem estudos avançados de trens regionais, partindo da Capital em direção a Santos, Jundiaí e Sorocaba, com velocidade de 150 km/h”.
Para complementar esse tipo de transporte, surge o primeiro trem de alta velocidade, entre Rio, São Paulo e Campinas, cujo leilão da primeira fase, já na nova modelagem, está previsto para o início de 2012. “Será o resgate do transporte de passageiros sobre trilhos de média e longa distância em que, na década de 60, eram transportadas 100 milhões de pessoas por ano”, disse. Esse papel cabe hoje aos dois sistemas de carga da Vale do Rio Doce, de Vitória a Minas e de Carajás, com 1,5 milhão de pessoas transportadas por ano e aos trens turísticos e culturais, com mais 1,5 milhão.
Abate lembrou, ainda, que o setor cresce devido à necessidade em equacionar os graves problemas da mobilidade urbana nas médias e grandes cidades brasileiras. “Isso tem movimentado s governos estaduais e prefeituras, além do governo federal, no sentido de incrementar o transporte coletivo e melhorar sua qualidade. E o papel do sistema metroferroviário é fundamental para que estas metas sejam atingidas. Resolver a questão da mobilidade e acessibilidade urbanas é condição primeira para que os eventos esportivos a serem realizados no Brasil tenham sucesso assegurado”, disse.
Abate afirmou que a indústria ferroviária brasileira, revigorada pelo crescimento do transporte ferroviário, continua investindo para atender às operadoras ferroviárias, na fabricação e fornecimento de vagões, locomotivas, carros de passageiros, sistemas, componentes e materiais para a via permanente.
A indústria investiu mais de R$ 1,1 bilhão, entre 2003 e 2010, na modernização e ampliação de instalações fabris existentes, novas fábricas, aplicação de novas tecnologias e na qualificação de seus profissionais. A previsão para o período de 2011 a 2013 passa de R$ 250 milhões.
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