O governo Geraldo Alckmin (PSDB) determinou ontem a elaboração de um plano de contingência, em até 15 dias, para agilizar a tomada de decisões no caso de panes na linha 4-amarela do metrô. A ordem é que técnicos do Metrô, CPTM e ViaQuatro preparem um relatório de procedimentos padronizados a serem tomados para cada falha. A decisão foi tomada ontem, após a própria gestão tucana admitir a falta de articulação para definir se a linha 4 deveria ficar totalmente fechada em razão da pane.
O secretário dos Transportes Metropolitanos, Jurandir Fernandes, disse à Folha que houve excesso de cautela e que a ViaQuatro preferiu errar pela segurança a tomar um risco de um acidente. Para ele, a linha 4-amarela não precisava ter parado de funcionar devido à falha. Apesar do desconforto, Fernandes considera que era possível operá-la parcialmente entre Butantã e Paulista.
Não havia necessidade de paralisar a linha inteira. Poderia ter operado até a Paulista, enquanto se resolvia a falta de compatibilidade da sinalização na Luz, disse.
Houve um racha entre técnicos do Estado e da ViaQuatro para tomar a decisão. Embora a palavra definitiva coubesse ao secretário, a ViaQuatro se manifestou contrária a operar parcialmente -temia lotação na Paulista.
A decisão final era minha. Mas não havia consenso. Se nós já tivéssemos uma análise de contingência…, disse.
Mas não foi um erro não ter um plano desses antes?
Estamos aprendendo. É uma novidade, responde. O secretário ressaltou a necessidade de unificar os procedimentos em horas de crise. Precisamos ter um rol de contingências. Previamente. Alckmin foi avisado da falha às 6h, por telefone. Ele declarou ontem que a pasta investigaria a pane, mas que era cedo para falar em punição da concessionária. Citou ser um dever da ViaQuatro ter plano de contingenciamento e de comunicação.
“Infância”
Sobre a falha de ontem, Fernandes alegou que ela é natural pelo fato de ser um sistema novo. Toda tecnologia na infância tem mais falhas que na maturidade. Ele disse não prever punição para a ViaQuatro porque não houve negligência. Afirmou, porém, que ela terá perdas econômicas. Primeiro pela falta da receita quando a linha ficou fechada. Segundo porque a falha interfere nos indicadores contratuais de performance da concessionária -que motiva descontos na remuneração.
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