Um projeto que há pelo menos dez anos é debatido por autoridades políticas e representantes do empresariado começa finalmente a sair do papel. Recentemente, o governo federal e o de São Paulo chegaram a acordo para construir o Ferroanel, sistema de linhas ferroviárias para o transporte de cargas que vai circundar a região metropolitana de São Paulo, como ocorre com o Rodoanel.
Ainda em fase de contratação do projeto de engenharia, a iniciativa começará pelas obras do Trecho Norte, ligando Campo Limpo Paulista com a estação Engenheiro Manoel Feio, em Itaquaquecetuba. Essa fase, orçada inicialmente em R$ 1,2 bilhão, está prevista para ser operada pela MRS Logística e deverá ser iniciada em 2012, e concluída em 2014. Só depois é que será feito o Trecho Sul, que alcançará o Grande ABC – para isso, já existe até área reservada (faixa de domínio) ao lado do sistema viário.
Na avaliação do governo estadual, a obra é importante, já que o anel ferroviário deverá propiciar ganhos logísticos para as empresas, diminuindo o tempo e os custos do transporte, e ainda melhorar as condições de tráfego na malha rodoviária. Isso porque o fluxo de caminhões nas estradas e centros urbanos deverá diminuir.
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Há ainda o entendimento de que o Ferroanel beneficiará o transporte coletivo de passageiros sobre trilhos. A linha permitirá que os trens de carga atravessem a região metropolitana de São Paulo sem interferir no transporte de passageiros, operado pela Companhia Paulista de Trens Metropolitanas.
O presidente da CPTM, Mario Bandeira, assinalou a importância da iniciativa. Isso porque, atualmente, há compartilhamento de uso nas linhas 7 (Luz-Francisco Morato), 10 (Luz-Rio Grande da Serra), 11 (Luz e Estudantes, na Zona Leste) da empresa com o transporte de cargas e a intenção da companhia é reduzir os intervalos de passagem para três minutos até 2014.
A meta é se ajustar ao aumento da demanda. Hoje são 2,7 milhões de pessoas transportadas por dia e daqui três anos serão 3,6 milhões diariamente. “As janelas horários disponíveis para carga vão ficar impossíveis”, afirmou, durante a feira Negócios nos Trilhos, realizada há poucos dias em São Paulo.
Perspectivas
Para o presidente-executivo da Associação Nacional dos Transportadores Ferroviários, Rodrigo Vilaça, a iniciativa é vital. “Esse é o principal projeto ferroviário do País hoje”, resume. Ele cita que o início pelo Trecho Norte tem sua razão de ser, por ser mais urgente. Avaliação semelhante tem o presidente da CPTM. “A linha 10 é a mais amigável em relação ao compartilhamento/CF), já a 7, da Luz até a Barra Funda, é a mais conflitante”, diz Bandeira. Ele destaca que as perspectivas são muito favoráveis de que o projeto se concretize a partir do início de 2012. Ele lembra que a MRS já começou obras de segregação da via que passa carga da que vai o trem de passageiros de alguns trechos entre Itaquaquecetuba e Mogi das Cruzes. “Já tem 14 km de obras”, cita.
O dirigente acrescenta que o Trecho Sul, que passará pelo Grande ABC, será “um caminho natural”, após a conclusão da primeira etapa.
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