Composições da MRS Logística estão impedidas desde domingo (25) de passar pelo município de São Paulo. A ferrovia utilizada pela companhia está interditada devido ao risco de desabamento de um edifício próximo à linha.
Segundo informações, a MRS está impedida de transportar diversas cargas pelo trecho. O caso mais crítico é de minério de bauxita para a fábrica de alumínio da Votorantim Metais – CBA, que fica próximo de Sorocaba (SP). São dois embarques por dia, totalizando 5 mil toneladas da matéria-prima.
A assessoria da Votorantim Metais informou desconhecer o fato e declarou que a fábrica da empresa [no município de Alumínio] opera normalmente. A antiga CBA tem capacidade de produzir 480 mil toneladas ao ano do metal, o que exige mais de 5 mil toneladas por dia de bauxita para suprir as linhas de produção de alumina.
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Procurada, a MRS informou que realmente está impedida de transitar e que aguarda uma solução da CPTM, dona da linha, junto às autoridades, como Defesa Civil para retomar a normalidade do transporte nesse trecho. O Valor apurou que outras cargas, como aço da Cia. Siderúrgica Nacional (CSN) oriundo de Volta Redonda (RJ) com destino a Campinas (SP) e ao sul do país, também estão afetadas, além de areia e enxofre.
Os trilhos usados pela MRS pertencem à Companhia Paulista de Trens Metropolitanos – a CPTM, empresa do Estado responsável pelo transporte de passageiros por ferrovias de superfície. Além das cargas da MRS, trens da própria CPTM estão com restrições de movimentação. Duas linhas (7-Rubi e 8-Diamante), que transportam em média 873 mil usuários diariamente, foram afetadas.
Embora a CPTM tenha restringido a operação no trecho desde quinta-feira, a interdição foi feita oficialmente pela prefeitura na segunda-feira (26) devido ao mau estado de conservação de um edifício que fica ao lado da ferrovia.
O prédio foi danificado por um incêndio que atingiu há uma semana (dia 22) a Favela do Moinho, na região de Campos Elíseos – no centro de São Paulo. A circulação de trens, diz a prefeitura, pode agravar a situação – provocando, inclusive, seu desabamento.
Em nota, a assessoria da CPTM informou que o prédio ameaçado é da antiga Rede Ferroviária Federal e, por isso, está solicitando providências urgentes à Secretaria do Patrimônio da União para restabelecer a operação da linha. Entretanto, a secretaria informou ao Valor que o imóvel não pertence à União. O edifício de seis andares teria ido a leilão pelo município em 1999 e hoje seria de propriedade privada.
Informada sobre o posicionamento da secretaria, a assessoria de imprensa da prefeitura informou que está apurando o fato. No Auto de Interdição, a prefeitura exigiu do proprietário a consolidação (reforma) ou a demolição do edifício. No documento, não foi estipulado um prazo para as providências. A secretaria ainda informou que a Advocacia Geral da União (AGU) entrou com ação na Justiça contestando o leilão realizado. Procurada, a AGU não tinha um porta-voz disponível para comentar o assunto imediatamente.
Os problemas que a MRS enfrenta por compartilhar a linha com a CPTM são amplamente debatidos no setor. Em setembro, o Valor noticiou que os governos federal e estadual chegaram a um consenso para construir o chamado Ferroanel, trecho de 66 km entre Campo Limpo Paulista (por onde passam trens vindos de Campinas) e Engenheiro Manoel Feio (a caminho do porto de Santos) que a MRS usaria para contornar a capital. Hoje, as composições de carga só podem atravessar a Grande São Paulo durante as janelas de ociosidade nas operações da CPTM. A própria MRS admitiu, na época, financiar parcialmente a obra, orçada em mais de R$ 1 bilhão.
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