O Sindicato dos Trabalhadores em Empresas Ferroviárias de Transporte de Passageiros da Zona Sorocabana (SINFERP) anunciou, ontem, 5/12, durante uma coletiva de imprensa, que entrará com um ofício pedindo a apuração completa do acidente que vitimou dois funcionários da CPTM, na última sexta-feira, 2, em Barueri, Grande São Paulo.
Os sindicalistas reclamam da preciptação do gerente-geral de manutenção da CPTM, Evaldo José dos Reis Ferreira, que afirmou à imprensa, algumas horas depois do acidente, que o ocorrido teria sido negligência dos próprios funcionários que, segundo a CPTM, não deveriam andar sobre a via. Além disso, os trabalhadores cobram melhorias na sinalização da via e afirmam que a empresa não cumpre todas as normas de segurança. (clique aqui e veja na íntegra a Norma de Serviço da CPTM)
Segundo o presidente do SINFERP, Éverson Craveiro, a CPTM não cumpriu os procedimentos de segurança presentes na ‘Norma de Serviço’, artigo 4.2 – Proteção Coletiva, onde é prevista a sinalização adequada para evitar acidentes e a comunicação entre todos os envolvidos.
“O CCO [Centro de Controle de Operações] mandou o trem retornar para a oficina pela mesma via que ele tinha passado, sem comunicar aos trabalhadores, que foram pegos de costas”, afirma Craveiro. Para ele, se a companhia tivesse utilização a sinalização correta, o acidente teria sido evitado.
Para diminuir o tempo de viagem e os intervalos entre os trens, o sindicato afirma que a CPTM expõe os funcionários a riscos de morte. “Esse tipo de operação realizada pelos Assistentes de Serviços de Manutenção I e II, mortos no acidente, deveria ter sido acompanhado por um técnico, que estava de folga no dia, porque havia feito hora extra”, acusa Éverson.
O acidente da última sexta-feira foi o segundo caso em cinco dias em que funcionários da CPTM morrem atropelados. Segundo o SINFERP, somente em 2011 ocorreram 16 acidentes fatais nas linhas da companhia.
O sindicato espera que a CPTM se manifeste e apure esse acidente. Caso isso não ocorra, os trabalhadores irão paralizar as operações.
No dia do acidente (02/12), a CPTM informou, em nota, que os dois empregados estavam autorizados a realizar os trabalhos de inspeção na via e que o serviço é feito regularmente, por duplas de técnicos, para identificar possíveis problemas estruturais. De acordo com a nota, os técnicos não devem acessar os trilhos e caminham ao lado da via férrea, fora dos trilhos, para observar se há algum ponto danificado para informar a equipe da manutenção, que providenciará o reparo.
Leia na integra a nota da CPTM:
“Em relação ao atropelamento ocorrido na manhã desta sexta-feira (2), nas proximidades da estação Barueri, a CPTM (Companhia Paulista de Trens Metropolitanos) informa que os dois empregados estavam autorizados a realizar trabalhos de inspeção ao longo da faixa ferroviária, na Linha 8-Diamante (Julio Prestes-Itapevi). A ocorrência, registrada às 10h05, envolveu uma composição que seguia no sentido Itapevi e atingiu os empregados Edgar Antonio Dalbo, 55 anos, e Antonio Camilo Severino, 63 anos, que faleceram no local.
Cabe esclarecer que essas inspeções são regulares e realizadas por dupla de técnicos para identificar possíveis falhas na estrutura dos trilhos e dormentes, durante o dia. Nestes casos, os técnicos não devem acessar os trilhos. Eles caminham ao lado da via férrea, fora dos trilhos, para observar se há algum ponto danificado e, assim, informar a manutenção que providenciará o reparo.
Os dois empregados estavam devidamente paramentados, utilizando todos os equipamentos de proteção individual (EPIs) exigidos para o serviço, como capacete, colete com faixas refletivas e botas. Tratava-se de técnicos com mais de 30 anos de trabalho na Companhia e larga experiência nesse tipo de inspeção. Ambos receberam treinamento em campo. Inclusive, um deles passou por reciclagem sobre “ações de segurança para atuar nas linhas”, na turma de outubro. Ambos tiraram férias, um em julho e o outro em agosto. A CPTM tem normas de segurança, além de procedimentos específicos de manutenção e operação, bem como treinamento para utilização correta dos EPIs. Também mantém programas permanentes de treinamento e reciclagem para empregados das áreas de operação e manutenção, além de contar com EPIs em número suficiente.
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