O aposentado Antônio Paulucci, 87 anos, traz vivas na memória, até hoje, as lembranças do tempo em que trabalhou na EFA (Estrada de Ferro Araraquarense) entre Engenheiro Schmitt e Rio Preto quando já se chamava Fepasa.
Com um olhar marcado pelas rugas de expressão e as mãos calejadas por lidar com trabalhos braçais, como trocar as madeiras e pregos dos trilhos, o aposentado fica com olhos de criança quando conta que trabalhou três décadas na estação ferroviária. “Sinto saudade daquele tempo. Foram 30 anos dedicados a manutenção dos trilhos da estrada de ferro e conservação das locomotivas e dos prédios que eram as estações”, diz ele.
Seu Antônio, como é conhecido em Engenheiro Schmitt, trabalhou na estrada de ferro de 1947 a 1977. “Comecei em Taquaratinga e fui transferido em 1952 para Engenheiro Schimitt. Naquele tempo era status ser trabalhador da ferrovia. Trabalhei 20 anos na manutenção dos trilhos e depois fui transferido para a carpintaria. Tenho orgulho de dizer que não me envolvi em nenhum acidente nesses 30 anos”, afirma ele.
Seu Antônio faz parte de uma história cujo marco principal completa 100 anos no sábado. No dia 21 de janeiro de 1912, chegava a Rio Preto a ponta dos trilhos da Estrada de Ferro Araraquarense. A vinda do trem para a cidade tinha dado o pontapé inicial em 1895, com a criação da companhia.
A EFA era presidida por Carlos Baptista de Magalhães e detinha os direitos para construir e explorar uma ferrovia ligando Araraquara a Ribeirãozinho (atual Taquaritinga). A autorização foi dada pelo presidente do estado de São Paulo, Bernardino de Campos.
Nesta época, Rio Preto era uma cidade com apenas um ano e dois meses de existência e os rio-pretenses não tinham a noção do progresso que o trem traria para o município, que mais tarde ficaria conhecido como “A Capital da Alta Araraquarense”.
O ápice deste “namoro” entre a EFA e Rio Preto foi a inauguração oficial da estrada de ferro que aconteceu no dia 9 de junho de 1912 com o primeiro comboio carregado de autoridades. Foi um jantar de gala regado a música, champagne e uísque importado.
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