Atraída pela alta produtividade da região, a produtora de commodities SLC Agrícola S.A., do Rio Grande do Sul, vai investir R$ 80 milhões no oeste da Bahia em 2012. A companhia possui quatro fazendas com 85 mil hectares por lá – onde está desde 2006 – e pretende ampliar sua área de atuação no embalo de projetos de infraestrutura e a busca por capital privado que se encaminham no estado.
“Nosso investimento está na compra e na transformação de terras para o nosso modelo de produção”, conta o gerente de Relações com Investidores da SLC, Frederico Logemann. Nos últimos dois anos, a empresa gastou R$ 120 milhões com negócios na Bahia. Os aportes incluem adaptação de solo, compra de máquinas e instalação de equipamentos rurais, como silos.
O nível de produtividade encontrado no oeste baiano é o maior atrativo para a companhia. “Junto do Mato Grosso, é o estado mais rentável”, afirma Logemann. A SLC planta soja, milho e algodão em diversas regiões do Brasil, mas a relação de toneladas por hectare supera, na Bahia, a média nacional. “Eles [da empresa gaúcha] conseguiram uma produtividade muito maior na Bahia para as três principais culturas com que trabalham.
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Por isso, querem investir mais”, explica o secretário baiano da Agricultura, Irrigação e Reforma Agrária, Eduardo Salles, que classifica a SLC como “um dos maiores investidores do agronegócio baiano”.
E essa relação público-privada vem a calhar, segundo o secretário, com duas metas mantidas pela secretaria: atingir um volume de produção autosuficiente – hoje, a Bahia produz somente 30% dos suínos e 50% dos frangos que consome – e passar a exportar commodities, com foco nos países asiáticos, com quem o governo baiano tem boa relação – tanto que mantém um escritório em Pequim, na China.
Para isso, precisa de investimentos interestaduais e internacionais. “A Bahia está de portas abertas para se agroindustrializar”, afirma Salles. “A grande força de hoje são os ‘baiúxos’, que são os empresários [de origem gaúcha] do agronegócio no oeste da Bahia”, acrescenta, referindo-se a um movimento empresarial iniciado nos anos ’80.
No último ano-safra, no oeste baiano, a SLC Agrícola produziu 104 mil toneladas de soja, 24 mil toneladas de milho e 50 mil toneladas de algodão em pluma. Enquanto o milho se destinou ao mercado interno, a soja e o algodão foram quase inteiramente vendidos para o exterior – assim é a orientação mercantil da empresa gaúcha, que não possui terras no Rio Grande do Sul.
Para o gerente de Relações com Investidores, a Bahia tem todas as “condições que procuramos”, em se tratando de chuva, solo e altitude. Além disso, cerca de 33% da receita obtida pela empresa advêm de lá.
“Um dos focos [atuais] da compra de terras é aproveitar a valorização proporcionada pelas obras de infraestrutura e logística”, conta Logemann. O principal empreendimento é a Ferrovia de Integração Oeste-Leste, que ligará o maior celeiro de grãos do estado ao Porto de Ilhéus.
A obra, que faz parte do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC), dinamizará o Estado da Bahia e servirá de ligação dessa região com outros polos do País, por intermédio de uma conexão com a Ferrovia Norte-Sul. A ferrovia terá 1.527 quilômetros de extensão e consumirá investimentos de R$ 7,43 bilhões até 2014.
Ligará as cidades de Ilhéus, Caetité e Barreiras, na Bahia, a Figueirópolis, no Tocantins, formando um corredor de transporte para otimizar a operação do Porto de Ponta da Tulha (Ilhéus), de acordo com a empresa pública responsável pela obra, a Valec. “Esta é a obra mais importante para o setor de agronegócios na Bahia”, define Salles. “Vai ligar o maior celeiro agrícola do estado ao mundo, e ainda facilitará a vinda de insumos, o que vai reduzir o custo da nossa produção.” O secretário está confiante de que a ferrovia atrairá novos avicultores e suinocultores da região sul do País, já que com os trilhos a distribuição de grãos ficará garantida.
Outra obra pública que atrai empresas como a SLC é a Transnordestina, que liga os Portos de Pecém (CE) e Suape (PE) ao cerrado do Piauí, no Município de Eliseu Martins, com 1.728 km de extensão. Seja por esta ferrovia ou pela Oeste-leste, “continua sendo um foco comprar terras do cerrado na Bahia e em outros estados do nordeste, como o Piauí”, afirma Logemann. “Não temos mais fazendas no sul do Brasil”,observa o empresário gaúcho.
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