Fabricante do chamado “tatuzão”, megaescavadora usada nas obras do metrô de São Paulo, a perfuradora alemã Herrenknecht (pronuncia-se “errenquinechi”) planeja uma fábrica no Brasil em 2013, segundo o diretor da empresa no país, Juan Manuel Altstadt.
O investimento de € 15 milhões (cerca de R$ 34 milhões) não é grande, mas a entrada no país é estratégica. Será a primeira unidade da empresa no continente – o local ainda não está definido.
A fábrica no Brasil da Herrenknecht atenderá a grande demanda por obras de infraestrutura, mas é motivada fortemente pelo pré-sal.
POD NOS TRILHOS
- Investimentos, projetos e desafios da CCR na mobilidade urbana
- O projeto de renovação de 560 km de vias da MRS
- Da expansão da Malha Norte às obras na Malha Paulista: os projetos da Rumo no setor ferroviário
- TIC Trens: o sonho começa a virar realidade
- SP nos Trilhos: os projetos ferroviários na carteira do estado
A empresa tem duas sondas de perfuração “onshore” (em terra) contratadas pela Petrobras na Bahia e quer estreitar a relação, até porque começou a perfurar “offshore” (no mar) neste ano no mar do Norte, na Alemanha.
“Do Brasil a gente pretende exportar equipamento para o restante da América Latina e talvez para a África”, afirma Altstadt.
A América Latina representou 10% do € 1,1 bilhão da receita da empresa em 2011, um crescimento de 20% em relação ao ano anterior.
Puxada pela China, a Ásia já provém os mesmos 35% do faturamento da Europa. Os percentuais, diz a Herrenknecht, são aproximados.
Na China, são três fábricas para atender, por ano, a cem encomendas das megaescavadoras. A América Latina tem, em 2012, 19 máquinas (contratadas e operando).
Tatuzão
Classificada como “peça insana da engenharia” em um programa da Discovery Channel sobre a máquina, o “tatuzão”, ou Shield EPB, é a vedete da empresa. Trata-se de uma escavadeira de alta pressão usada para cavar túneis em grandes obras viárias – ela acelera o processo.
Já foi utilizada, por exemplo, no túnel Base Gotthard, que tem mais de 57 quilômetros de extensão sob os Alpes suíços. Nessa obra, foram retirados 13,5 milhões de metros cúbicos de terra, o equivalente a cinco vezes o volume da pirâmide de Quéops, no Egito.
No Brasil, são da empresa as quatro máquinas que escavarão túneis dos lotes 3 e 7 da linha 5-lilás do metrô de São Paulo. Uma delas já foi usada na linha 4-amarela.
Segundo a Folha apurou, um “tatuzão” de 11 metros de diâmetro, como o usado no metrô paulistano, custa até € 28 milhões (R$ 64 milhões).
Em setembro, chega ao país o “tatuzão” que fará os túneis da expansão do metrô do Rio e que será o maior usado no continente – tem 11,4 metros de diâmetro.
No mundo, o maior tem 19 metros e perfurará uma autopista sob um canal em São Petersburgo, na Rússia.
Esse ponto do currículo vai ser usado como trunfo pela empresa, que quer atuar no litoral paulista. Como a administração do porto de Santos planeja reduzir o tempo de viagem do cais de Santos ao de Guarujá, a Herrenkencht sugeriu um túnel sob o canal.
Foi o fundador Martin Herrenknecht quem sugeriu quando veio ao país, em 2011.
Além das escavadoras de passagens para metrôs e canais, serão feitas máquinas de serviço na fábrica que está planejada para o Brasil. Elas abrem túneis de até 4,2 metros de diâmetro para levar água, esgoto e cabos de telefone e internet.
Seja o primeiro a comentar