Italplan mostra a que veio

A Italplan finalmente mostrou a que veio e entrou com uma ação judicial de 261,7 milhões de euros (R$ 607,8 milhões) contra o governo brasileiro, exigindo o cumprimento da resolução do Ministério dos Transportes que, nos idos de 2006, sendo presidente da Vales José Francisco – Juquinha – das Neves, deu a ela Italplan o direito de produzir o estudo de engenharia para o TAV Rio-São Paulo (então não se falava de Campinas). O projeto dos italianos prometia um trem de US$ 9 bilhões, inteiramente financiados por acionistas privados – “sem um tostão de dinheiro público”, reforçava Juquinha – capaz de fazer o trajeto em 88 minutos, non stop, entre a Estação da Luz e a Central do Brasil. Tudo muito fácil, baseado na argüida longa experiência da Itaplan, que por sinal já tinha iniciado os estudos, que compreendiam equações “que vão daqui até o fim desta sala”, como disse ao repórter da Revista Ferroviária o sr. Moreno Gori, então diretor técnico e porta voz da empresa.


Não levou muito tempo – aliás levou sim, três anos, até 2009 – para o governo brasileiro – leia-se BNDES – perceber a fraude. A Italplan nunca apresentava os estudos que dizia possuir, não tinha experiência comprovada, e sua ação principal era levar deputados e téncnicos para passear em Florença. A decisão do Ministério e da Valec foram revogadas e o assunto passado para a ANTT, a qual não tinha vocação para construir ferrovias, mas era o único órgão capaz de tocar o assunto. Agora a Justiça da Itália condenou o governo a pagar a indenização e bloqueou as contas bancãrias da embaixada do Brasil em Roma.


Por volta dessa época, surgiu o caso do Lixogate. O empresário Moreno Gori, diretor técnico da Italplan,  estava sendo processado na 5ª Vara do Tribunal Regional Federal da 3ª Região, em Campo Grande (MS), por falsidade ideológica, uso de documentos falsos e estelionato.  O caso era conhecido como Lixogate, uma proposta fraudada na licitação para coleta e tratamento de lixo em Campo Grande, ocorrida em 1999.  Segundo a acusação feita pelo procurador regional da República, Silvio Amorin, Gori teria falsificado duas carteiras de identidade no Rio Grande do Norte e no Ceará, onde mudou seu local de nascimento e citou a profissão de biólogo, que na realidade não possui. Teria ainda apresentado um boleto de depósito falso de R$ 1 milhão no Banco do Brasil para montar o consórcio e a empresa que ficaria encarregada da coleta e transformação do lixo em energia. E teria usado documentos falsos para tirar  título de eleitor e passaporte. A indicação da Italplan pelo Ministério dos Transportes foi ratificada pelo TCU em 2007.


Um primeiro processo contra o empresário foi arquivado em julho de 2003 na 1ª Vara, mas um segundo processo está em andamento na 5ª Vara no mesmo Tribunal. Em função deste processo Moreno Gori teve quebrado o sigilo fiscal e bancário relativo aos anos de 2004 e 2005. Deste processo consta o depoimento, feito pelo delegado-chefe da Interpol no Brasil, Washington do Nascimento Melo, de que Gori tem uma condenação na Itália por cumplicidade e favorecimento em delito. O advogado de defesa rebate afirmando que não constam antecedentes criminais contra seu cliente no foro da cidade onde reside na Itália.


A propósito dos envolvimento de Moreno Gori no Brasil, dois de seus sócios  no consórcio da Lixogate —  denominado Cenegran, Consórcio Energético Ambiental de Campo Grande —  os italianos Dalci Vicente Sebben e Antonio Bruno Zanetti, figuravam na relação de procurados em um outro caso, a Operação Pegasus, da Polícia Federal, deflagrada em  2005 contra evasão de divisas e lavagem de dinheiro. A Operação Pegasus não tem relação com o Lixogate, embora o endereço da sede do Cenegran seja o mesmo que a Polícia Federal “estourou” em 2005 em busca dos dois italianos, investigados desde 1997: rua Rio Grande do Sul 382.  Por revelar este fato em uma reportagem, o jornalista Fausto Brittes, do Correio do Estado, de Campo Grande, foi condenado pela justiça do Mato Grosso do Sul a 10 meses de prisão e pagamento de multa de cinco salários mínimos.  O autor da queixa-crime que deu origem à condenação foi o ex-prefeito de Campo Grande à época do Lixogate e hoje governador do estado André Puccinelli (PMDB) conhecido como “o italiano”.


Na época da divulgação desta informação, pelo site da Revista Ferroviária, a jovem que sempre acompanhava Gori, no Brasil e na recepção aos convidados na Itália, Roberta Peccini, enviou nota afirmando que Gori “não tem vínculo com a Italplan e apenas presta serviços como autônomo”.


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