Atualmente, a matriz de transporte no Brasil está fundamentada na modalidade rodoviária. Ela tem participação de 58% no transporte de cargas e um custo superior aos modais ferroviário e hidroviário, que representam, respectivamente, 21% e 14%.
Em outros países, no entanto, a representatividade do transporte rodoviário na matriz de transporte é bem menor. Nos Estados Unidos, por exemplo, que podem ser considerados um padrão para o setor de transporte, o modal rodoviário representa apenas 32% da matriz de transporte, enquanto o ferroviário representa 44% do transporte de cargas realizado _mais que o dobro do peso do modal na matriz brasileira.
Mesmo em se tratando do modal de maior custo, o custo do frete rodoviário no Brasil, comparativamente ao de outros países, é baixo, devido principalmente à informalidade existente no setor, que opera com uma frota de veículos com elevada idade média e com longas jornadas de trabalho, que contribuem também para um elevado índice de acidentes nas estradas brasileiras.
De fato, a restrição da jornada de trabalho na profissão de caminhoneiro e o consequente aumento que deverá ocorrer no custo do frete praticado deverão gerar dois principais benefícios: 1) a redução dos acidentes nas estradas, que geram um enorme custo financeiro e social para o país; 2) maior desenvolvimento dos demais modais, que passarão a ser mais competitivos e deverão promover o crescimento dos investimentos na infraestrutura de transportes existente.
Hoje, o Brasil conta com uma densidade de malha ferroviária equivalente a um terço da mexicana e um décimo da norte-americana.
No caso das hidrovias, apesar de ter uma extensa rede fluvial com potencial de aproveitamento mediante investimentos em infraestrutura, a densidade hidroviária do país é um terço da chinesa.
Desse modo, o crescimento dos investimentos nesses modais, mais seguros e mais baratos que o rodoviário, deverá trazer uma maior competitividade para o país como um todo a partir do rebalanceamento da sua matriz de transportes, além dos imensuráveis benefícios sociais dado pela aumento da segurança nas nossas estradas.
* Luiz Fernando Alves Ferreira é engenheiro e sócio da Macrologistica Consultoria.
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