As várias falhas operacionais ocorridas na Companhia do Metropolitano de São Paulo (Metrô) neste ano fizeram a empresa registrar aumento de 170% no cancelamento de viagens programadas. No mesmo período, o aumento da oferta de trens foi de 3,9%. As viagens canceladas são partidas de trens que estavam programadas e não foram feitas. Na prática, quando há cancelamento, o intervalo entre os trens aumenta – com maior tempo de espera nas plataformas.
A relação de panes e viagens canceladas está em um relatório obtido pelo Estado por meio da Lei de Acesso à Informação. Os dados foram solicitados pelo Serviço de Informação ao Cidadão (SIC) que o Metrô mantém em seu site (www.metro.sp.gov.br).
Entre os casos registrados, há até um incêndio, que aconteceu em 27 de março deste ano. Naquele dia, um curto-circuito no terceiro trilho (que transmite eletricidade ao trem) provocou o cancelamento de 78 partidas de trens. Segundo o relatório, o problema foi causado “provavelmente” pelo excesso de chuva que caiu na cidade naquela data.
POD NOS TRILHOS
- Investimentos, projetos e desafios da CCR na mobilidade urbana
- O projeto de renovação de 560 km de vias da MRS
- Da expansão da Malha Norte às obras na Malha Paulista: os projetos da Rumo no setor ferroviário
- TIC Trens: o sonho começa a virar realidade
- SP nos Trilhos: os projetos ferroviários na carteira do estado
No geral, o aumento no número de falhas de 2011 para este ano foi pequeno. Entre janeiro e maio do ano passado, foram 20 ocorrências. No mesmo período de 2012, o número cresceu para 23 casos.
Mas o relatório mostra que as falhas deste ano foram mais graves: fizeram 496 partidas de trens serem suspensas, ante 184 no ano passado.
E os passageiros já sentiram a diferença. “Eles (os operadores) dão avisos sonoros, mas nós não temos o que fazer a não ser esperar. Quando o trem chega, ele está sempre lotado e você tem de esperar mais para poder entrar”, afirma a recepcionista Patrícia Delgado, de 27 anos. “Normalmente já é superlotado. Mas às vezes você sabe que tem atraso porque a fila está na porta da estação”, diz a operadora de telemarketing Dayse Aguiar, de 18.
Falhas
No ano passado, segundo o relatório, a maior parte das falhas operacionais foi decorrente de problemas, por exemplo, no sistema de tração, de sinalização das portas e de freios dos trens – ou seja, problemas ligados aos equipamentos de cada composição. Nesses casos, a saída para a empresa manter a operação é remover a composição com problemas da linha.
Neste ano, ocorreram problemas nos trens e também nos sistemas auxiliares das linhas. A pane mais grave foi a batida entre dois trens, ocorrida em 16 de maio, que deixou 30 feridos.
Nessas situações, filas são quase inevitáveis. “De vez em quando, você chega à estação, ela está lotada e dizem que o intervalo entre os trens está maior. Aí você escolhe: ou empurra todo mundo para poder entrar ou demora mais meia hora para embarcar”, diz o auxiliar de cobrança Mateus Costa de Lima, de 38 anos.
Sem Linha 4
Houve ainda duas falhas no sistema de sinalização. Uma na Linha 3-Vermelha e outra na Linha 2-Verde, que já está recebendo um novo sistema, mais seguro.
Os números do relatório oficial se referem apenas às Linhas 1-Azul, 2-Verde, 3-Vermelha e 5-Lilás, uma vez que a Linha 4-Amarela tem a operação feita pela ViaQuatro, uma empresa privada que gerencia sua operação de forma separada.
Para Metrô, há problemas só em 0,09% das partidas
Em nota oficial, o Metrô afirma que entre janeiro e maio aumentou em 19 mil o número de viagens, na comparação com o ano passado, chegando a 508 mil partidas. Por isso, nega que mais cancelamentos de viagens prejudiquem os passageiros. A companhia diz ainda que as falhas “representaram apenas 0,09% das viagens”. Mas não comentou o aumento no número de panes.
Procurado, o Sindicato dos Metroviários atribuiu parte dos problemas na rede aos novos trens. “Nos antigos, a porta do condutor dava para fora. Nos novos, a porta dá para o salão de passageiros. Se há uma falha no sistema das portas, o condutor precisa sair da cabine, atravessar o salão de passageiros lotado e então sair da composição e caminhar até a porta com falha. Demora mais”, afirma o secretário-geral da entidade, Paulo Pasim. Questionado sobre a questão, o Metrô não respondeu.
Seja o primeiro a comentar