Os operários que estavam construindo a ferrovia Transnordestina, no trecho do Piauí, paralisaram as obras e anunciaram uma greve, depois de uma assembleia geral ontem. A obra enfrenta problemas desde o ano passado, com demissões, desapropriações e licença ambiental pelos 420 quilômetros por onde a ferrovia vai passar no Estado.
O trecho piauiense é um investimento de R$ 1,5 bilhão, em recursos do PAC (Programa de Aceleração do Crescimento), de um total de R$ 5,4 bilhões dos 1.728 km que ligam os Estados de Pernambuco, Ceará e Piauí.
Os 600 trabalhadores que estão no canteiro da Construtora Odebrecht, no município de Paulistana, decidiram parar por tempo indeterminado. Eles alegam que a empresa está descumprindo um acordo coletivo relativo ao pagamento de gratificações e de melhores condições de trabalho.
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A aliança formada pela Transnordestina Logística S.A. e Odebrecht Infraestrutura vem mantendo diálogo com Sindicato dos Trabalhadores na Indústria da Construção de Estradas, Pavimentação e Terraplanagem em Geral (Sintepav) do Piauí, Pernambuco e Ceará para apurar os valores referentes ao Plano de Produtividade dos integrantes da construção da Ferrovia Transnordestina.
O plano refere-se ao período de janeiro a junho deste ano. A Aliança deve realizar o pagamento até o fim deste mês. A partir de agosto, o pagamento do programa passará a ser mensal.
O presidente do Sintepav do Piauí, Régis Freire Gomes, disse que a categoria reclama que não está sendo cumprido o acordo coletivo pela empresa responsável pela obra, a Odebrecht.
“Foram decisões tomadas em acordos coletivos de trabalho. Mas a empresa vem insistindo em não cumprir. Além disso, as horas extras não estão sendo pagas de forma devida. Se faz 100 horas extras, a empresa quer pagar apenas 50”, completou Régis Freire. Ele disse que 70% dos trabalhadores aderiram à paralisação. Ele denunciou que um engenheiro da Odebrecht ameaçou os operários de demissão caso aderissem à greve, mas não informou o nome do engenheiro.
Os operários se organizaram para fazer piquete em frente ao escritório da Odebrecht e ao canteiro de obras. Eles estão mantendo contato com os operários da Transnordestina nos Estados do Ceará e Pernambuco para também paralisarem as obras. Segundo Régis Freire, são cerca de 9 mil trabalhadores atuando em toda a extensão da ferrovia.
Segundo informações do governo, as desapropriações dos terrenos ribeirinhos à ferrovia estão em estágio avançado. O governo do Piauí já emitiu posse de mais de 79% dos terrenos e mantém uma equipe para auxiliar nas desapropriações.
A construção da Transnordestina, nos quatro lotes que estão em obras, gera mais de 2 mil empregos. As quatro frentes de trabalho, do total de sete lotes, passam por 20 municípios piauienses, ligando a região do cerrado ao semiárido, e aos portos de Pecém, no Ceará, e Suape, em Pernambuco.
Reclamações. Os trabalhadores reclamaram que estão trabalhando em ritmo acelerado, mas as condições são ruins. Falta estrutura e a alimentação é inadequada. A Odebrecht informou que pelo menos 50% do projeto já foi executado.
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