A concessionária de ferrovias MRS Logística concluiu ontem a captação de R$ 300 milhões em debêntures com vencimento em 2018. Além da grande procura do mercado, a operação chamou atenção pela baixa taxa de juro conquistada pela companhia.
A taxa final ficou abaixo do teto (CDI mais 0,95% ao ano), em CDI mais 0,90% ao ano. Para o presidente da companhia, Eduardo Parente, o momento representa uma oportunidade para esse tipo de captação, principalmente devido ao esforço do governo federal para se reduzir as taxas proporcionadas pelo setor privado.
“Essa pressão para redução de juros está ajudando, porque o juro privado está se aproximando do juro público”, afirmou Parente. “É uma transformação para o setor. Com um juro desse tamanho, você consegue uma capacidade de investimentos e redução de risco muito grande. Isso permite dar passos muito mais largos do que [o setor] vinha dando”, acrescentou.
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Durante as captações, a agência de classificação de risco Standard & Poor’s havia concedido nota “BB+” às captações, graças à expectativa de bons resultados operacionais e de rentabilidade da MRS nos próximos anos – frutos, segundo a S&P, do modelo tarifário e das condições contratuais favoráveis com clientes.
A procura pelas debêntures totalizou uma demanda de R$ 589 milhões, quase duas vezes a oferta feita pela companhia. Para Parente, o setor de infraestrutura está ganhando a “simpatia” dos investidores devido à segurança de resultados. “Não existem flutuações, você tem um resultado firme com uma margem alta”, defende.
Esta foi a primeira captação de debêntures da MRS em oito anos. Parente explica que os recursos serão utilizados basicamente em rolagem de dívidas e, em menor parte, em reforço de capital de giro.
Hoje, a dívida total da MRS é de R$ 2,4 bilhões, sendo 60% oriundos de compromissos assumidos com o Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES). As novas debêntures representam 12% da dívida total.
Os maiores investimentos atualmente estão sendo aplicados em novos sistema de sinalização e compra de locomotivas e vagões. Ao fim do primeiro trimestre, o endividamento (medido pela relação dívida líquida sobre Ebitda) foi de 1,86. A companhia estabelece que 2,5 é o limite para a alavancagem, o que ainda rende certa folga para mais dívidas.
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