União assumirá risco de demanda

Bernardo Figueiredo, presidente da EPL (Empresa de Planejamento e Logística), participou do “Poder e Política”, projeto do UOL e da Folha  conduzido pelo jornalista Fernando Rodrigues.  A gravação ocorreu em 29.ago.2012 no estúdio do UOL, em Brasília.


Bernardo Figueiredo tem 61 anos. É o presidente da recém criada Empresa de Planejamento e Logística, a EPL.


Figueiredo é formado em economia pela Universidade de Brasília. Foi diretor-geral da Agência Nacional de Transportes Terrestres, a ANTT, de 2007 a 2012.


Figueiredo começou a carreira no ramo dos transportes na década de 70 como estagiário e, depois, funcionário da Geipot – a extinta Empresa Brasileira de Planejamento de Transportes.
Especializado na área, atuou também na Siderbras e na Valec. Foi assessor especial da Casa Civil quando Dilma Rousseff era a ministra.


Durante a gestão de Figueiredo na ANTT, o governo amadureceu o projeto de construir o trem-bala em parceria com a iniciativa privada. Agora, ele será o homem forte da presidente à frente de diversos projetos com o setor privado, incluindo estradas, ferrovias, portos e aeroportos.


Folha/UOL: Olá internauta. Bem-vindo a mais um “Poder e Política – Entrevista”.


Este programa é uma realização do jornal Folha de S.Paulo e do portal UOL. E a entrevista é sempre gravada aqui no estúdio do Grupo Folha, em Brasília.


O entrevistado desta edição do Poder e Política é Bernardo Figueiredo, presidente da recém-criada EPL, Empresa de Planejamento e Logística.


Folha/UOL: Olá, Bernardo Figueiredo. Muito obrigado por estar aqui presente no estúdio da Folha em Brasília. Eu começo perguntando: o Brasil tem um Ministério do Trabalho há muitos anos, tinha empresas nessa área de transportes, tem a Valec. Em anos recentes, criou-se a Agência Nacional de Transportes Terrestres, as agências reguladoras em geral. Por que o Brasil precisa de mais um órgão como a Empresa de Planejamento e Logística?


Bernardo Figueiredo: Prazer estar aqui, Fernando. Eu acho que talvez essa seja a coisa mais unânime no mercado, é a necessidade da criação de uma estrutura para fazer o planejamento de logística, de transporte de uma forma geral. Desde a extinção do Geipot [Empresa Brasileira de Planejamento de Transportes], existe um espaço vazio que nunca foi ocupado por ninguém.


Folha/UOL: Só para os internautas entenderem, o Geipot foi criado em 1968, 1969 e durou até o final dos anos 90, não é isso? O quê que era o Geipot?


Bernardo Figueiredo: O Geipot era um grupo. Começou nos anos 60 como um grupo executivo e em 1973 virou empresa pública. E foi extinta quando foi criada a agência [Agência Nacional de Transportes Terrestres, a ANTT] em 2002. Então, desde essa época, existe um vazio e a gente percebe muito claramente quando você vai estudar um programa como esse que está sendo agora montado pelo governo, existe uma carência de informações consistentes, de informações detalhadas, de uma série histórica de informações, que eventualmente exista dispersa e com metodologias diferentes em diversos órgãos que quando você tem que consolidar é muito difícil.


Folha/UOL: Mas essa não era a função do Ministério dos Transportes?


Bernardo Figueiredo: Não, o Ministério… Assim, quem estava fazendo esse trabalho era a Secretaria Política do Ministério. Só que é uma estrutura mais burocrática, menos focada nisso.


Ele tem, junto com isso, muitas outras atribuições. Então isso acaba sendo uma coisa meio não tratada da forma adequada.


O próprio o TCU aponta, diversas vezes, a necessidade de ter uma série história de informações para orientar melhor os projetos. Então, assim, a ideia é ter uma coleta sistemática de informações e, mais do que isso, é a gente ter uma estrutura que antecipa os problemas. A gente é muito reativo em relação aos pontos críticos da infraestrutura, do sistema de transporte de uma forma em geral. Então é necessário ter uma estrutura que esteja pensando e antecipando os problemas para que a gente possa agir antes que eles ocorram.


Folha/UOL: Mas, Bernardo, só para insistir: não há uma sobreposição de funções? Porque eu fico pensando, quando a gente pensa no Brasil, pensa na educação, na saúde, nas áreas clássicas onde o Estado atua, todas elas tem um ministério. Nessa ótica de criar uma empresa de logística e planejamento para os transportes, não seria necessário então criar uma para a saúde, outra para a educação porque os ministérios não dariam conta?


Bernardo Figueiredo: Eu não sei, eu não conheço essas áreas. Na área de transportes, esse é um instrumento fundamental. E isso é assim…


Folha/UOL: Não tem como o Ministério dar conta disso, na sua opinião?


Bernardo Figueiredo: Eu acho que não. Ele não tem estrutura suficiente para isso. A gente está prevendo, para essa fase inicial, ter uma equipe de 150 pessoas focada nisso. O Ministério não tem essa possibilidade, não tem equipe, não tem como fazer uma contratação como uma empresa tem. Então, acho, assim, esse é o ponto… Ontem eu tive na CNI [Confederação Nacional da Indústria] lá no evento que eles estavam lançando um projeto que eles trabalharam. É unânime no setor privado a necessidade e a oportunidade de criar uma empresa


Folha/UOL: Sabe a impressão que a gente tem, quem está de fora? É que as estruturas do Estado, os ministérios, ficaram muito politizados, muito burocráticos, muito obsoletos na sua governança ali e o governo, sem ter como resolver isso, vai criando outras estruturas que sejam mais magras, mais firmes e robustas para trabalhar efetivamente na governança de um setor. É isso.


Bernardo Figueiredo: Eu respeito a forma que você vê mas eu acho que o Ministério tem uma função de coordenação de diversas áreas que estão subordinadas a ele: a Valec, o Dnit [Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes], a ANTT, o Antaq [Agência Nacional de Transportes Aquaviários], que está vinculado ao Ministério dos Transportes. E você exigir que ele faça esse trabalho de coordenação, de controle de qualidade, de definição de uma política, e, também, [que] você separe da rotina do dia-a-dia uma estrutura para ficar pensando no futuro, pensando os próximos passos, subsidiando com trabalho as decisões que ele toma. Eu acho que não seria eficiente fazer isso no Ministério dos Transportes.


Folha/UOL: Entendi. A EPL vai ser uma empresa que vai ter 150 funcionários, como você disse, vai ficar em Brasília? Como vai ser a estrutura, a rotina de funcionamento dela?


Bernardo Figueiredo: A princípio, nós vamos ficar em Brasília só. A EPL, na verdade, é uma transformação da Etav [Empresa de Transporte Ferroviário de Alta Velocidade], quer dizer, não está se criando uma nova empresa, está se ampliando o escopo da empresa de trens de alta velocidade. Existe a previsão de ter escritórios regionais. No caso de trens de alta velocidade, está previsto em Campinas e no Rio [de Janeiro]. E, agora, isso foi um pouco aberto. Tem possibilidade de implantar onde for necessário, quando for necessário. Mas, hoje a gente não tem essa previsão de ter essa necessidade.


Folha/UOL: A Etav vai ficar, vamos dizer, embutida na EPL ou vai ficar separada?


Bernardo Figueiredo: Não, é a mesma empresa.


Folha/UOL: É a mesma coisa?


Bernardo Figueiredo: É a mesma empresa, é.


Folha/UOL: Vai ser como se fosse um departamento dentro da EPL que vai cuidar disso? Ou como é que funciona?


Bernardo Figueiredo: É. Na verdade, a gente está estruturando a EPL com uma estrutura mais leve e mais flexível. Então, na verdade, nós vamos ter núcleos de excelências em engenharia, em serviço, em infraestrutura, em meio ambiente. E nós vamos funcionar um pouco no sistema matricial, quer dizer, nós vamos fazer uma gestão por projeto, mas com os núcleos de excelência fazendo projetos de ferrovias, de portos. Um projeto de engenharia… Um en

Fonte: Uol/Folha de S.Paulo

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