Protótipo do bonde de Santa Teresa em fevereiro

O novo modelo de bonde que voltará às ruas de Santa Teresa será conhecido em fevereiro. Em cerca de dois meses, o protótipo dos 14 bondes será apresentado pela empresa T-Trans aos órgãos responsáveis pela preservação das características originais do bondinho, como o Instituto do Patrimônio Histórico Artístico Nacional (Iphan).


A informação é do presidente da Companhia Estadual de Engenharia de Transporte e Logística (Central), Eduardo Macedo, que é o responsável pela revitalização do sistema de bondes, feita pela empresa que ganhou a licitação. A previsão é que as primeiras unidades sejam entregues em 2014, quando os trilhos e toda a rede aérea no bairro tiver sido substituída.


O projeto de reforma dos bondinhos é questionado pela Associação de Moradores e Amigos de Santa Teresa (Amast). A polêmica é a descaracterização dos veículos, que por mais de um século transportaram turistas e moradores. Os novos bondes terão capacidade de transportar metade dos passageiros que os antigos transportavam, com a inclusão de uma placa de policarbonato para impedir que pessoas viajem no estribo.


“A proteção que vamos incluir é por uma questão de segurança, uma camada de policarbonato translúcido, com estribo retrátil (para embarque e desembarque), mas que não afeta em nada o layout”, disse Macedo, ao citar o acidente em que um turista, viajando no estribo, caiu dos Arcos da Lapa e morreu. Nos últimos dez anos, no entanto, segundo a Amast, esse é o único acidente do tipo e poderia ter sido evitado com a recuperação do gradil nos arcos.


Com o fim do estribo fixo, entra um corredor para facilitar a locomoção dos passageiros dentro do bonde, o que representará a redução de 40 para 24 lugares. Com isso, a Amast avalia que o veículo perde o caráter de transporte público de massa, para atender à população em deslocamentos cotidianos, porque as vagas serão insuficientes diante da demanda.


“Bondinho com policarbonato em volta, estribo reversível, porta na frente, porta atrás, corredor no meio e capacidade reduzida é bondinho descaracterizado”, disse o diretor de Transporte da Amast, Jacques Schwarzstein. Ele desconfia de que o bonde será turístico.


Para não criar obstáculos à modernização do sistema e “em prol da segurança”, o Iphan não incluiu trilhos ou carros no tombamento do trajeto do bonde. O tombamento do órgão estadual, o Instituto Estadual do Patrimônio Estadual (Inepac), que também precisa aprovar o protótipo da T-Trans, protegeu de alterações em todo o sistema, inclusive as oficinas.


Embora o Iphan recomende que os bondes se “assemelhem ao máximo aos que estavam recentemente em uso”, a instituição explica que não pode interferir em questões relacionadas à segurança e à funcionalidade dos bondes, mesmo quando afetem a estética dos veículos.


Outra preocupação da Amast é com a funcionalidade do bonde. A T-Trans, que fez a reforma dos bondes em 2005, entregou modelos que ficaram conhecidos como “Frankestein”, por não se adaptarem às ladeiras de Santa Teresa e travarem nas curvas. Os carros ganharam modernização na parte elétrica, mas em contrapartida ficaram mais baixos e com dificuldade de deslizar sobre os trilhos.


O bairro está sem os bondes desde agosto de 2011, quando um acidente matou seis pessoas e deixou 50 feridas. Os ônibus fazem o serviço de transporte público, mas são constantemente alvo de reclamações. Em novembro, um deles bateu próximo ao local do acidente do bonde.

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