Artigo: De aquários e ferrovias

*Gerson Toller


A piada é velha, mas se aplica:


 Um dia estava Manoel a caminhar pela rua, um livro debaixo do braço, quando encontrou Joaquim:


“O que estás a ler Manoel?”


“Um livro sobre Lógica, Joaquim”.


“E o que é Lógica, Manoel?”


Manoel pensou, pensou e disse:


“Vou te dar um exemplo. O que carregas aí nesse pacote?”


“Ração para peixes”, respondeu Joaquim.


“Então, se compraste ração para peixes, é porque tens um aquário, certo?”


“Certo”, respondeu Manoel.


“E se tens um aquário, deves ter um filho que gosta de olhar os peixes?”


“Certo!”, disse Manoel, encantado.


“E se tens um filho, deves uma mulher, com quem vais ao leito?”


“Com certeza!”


“Então, Manoel, isso é Lógica”, concluiu Joaquim.


Manoel despediu-se e foi imediatamente comprar um livro sobre Lógica. Sentou-se num café no Chiado e começou a ler. Aí apareceu Antonio.


“O que estás a ler, Manoel?”


“Um livro sobre Lógica”, respondeu Manoel, todo orgulhoso.


“E o que é Lógica, Manoel?”


Manoel pensou, pensou e respondeu:


“Vou te dar um exemplo. Tu tens aquário?”


“Não.”


“Então és gay.”



Idêntica linha de pensamento foi seguida pela revista Veja, ao publicar, na edição desta semana, na matéria “Entre o público e o privado”, que Bernardo Figueiredo, atual presidente da EPL, porque foi assessor da Rede Ferroviária, sócio minoritário da ALL nas suas origens e presidente da ANTT, compactuou com as estrepolias da concessionária (isto sim assunto para uma bela matéria – atenção redação de Veja). É preciso um esforço de lógica lusitana para crer que existe “vício original grave” entre o passado ferroviário de Bernardo Figueiredo e o fato que ele não cassou a concessão da ALL, como diz o procurador gaúcho citado na matéria. 


Qualquer estagiário de ferrovias no Brasil (com exceção dos engenheiros apotentados da Rede Viação Paraná-Santa Catarina) sabe três coisas: primeiro, que a administração estatal das ferrovias era um desastre; segundo, que o concessionamento no final dos anos 90 salvou o sistema do sucateamento; e terceiro, que resta muito a fazer para recuperar o que existe expandir a malha, aumentar a competitividade, diversificar as cargas, etc. Depois de um ano de formado, o estagiário aprende também que as agências reguladoras, das ferrovias aos aeroportos, são fracas, politizadas e afastadas do público que deveriam servir.


Bernardo Figueiredo é o último dos executivos do governo por quem os concessionários de ferrovias poderiam ter alguma simpatia, quanto mais aliança. Foi ele quem montou as resoluções da ANTT, publicadas em julho do ano passado, obrigando as concessionárias a aceitarem tráfego mútuo umas das outras; estabelecendo metas de produção por corredor, e criando tetos tarifários. Foi ele também quem normatizou as relações entre usuários e operadores, criando uma espécie de manual de defesa do consumidor, que transformou a relação entre clientes e ferrovias, no dizer dos próprios clientes.  Foi ele por fim — porque a presidenta Dilma nele confia — que escreveu o Programa de Investimentos em Logística para as ferrovias (e para as rodovias e os portos) permitindo que operadores independentes possam trafegar sobre as malhas concessionadas, pagando pedágio. É o Open Access, que hoje se generaliza na Europa (alô redação de Veja II).


Nada disso impediu que alguns concessionários, a começar pela ALL, abandonassem trechos que não lhes interessavam, vendessem vagões e trilhos velhos como sucata e mandassem os clientes às favas. Na gestão de Bernardo Figueiredo, perto de R$ 100 milhões em multas foram aplicados somente à ALL, que foi denunciadas por crimes ambientais e contra o patrimônio em todas as instâncias do Judiciário. Mas como também acabou por aprender o estagiário, no Brasil, pelo menos até há pouco, condenar é uma coisa e penalizar é outra bem diferente. Pagar multa então nem se fala.


Dito isto, vamos combinar que o fato do Antonio não ter aquário não tem nenhuma relação a preferência sexual dele.


*Gerson Toller, Jornalista, Diretor da Revista Ferroviária

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